São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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TRANSPARÊNCIA

Brasil é 45º país menos corrupto do mundo, segundo levantamento; Paraguai está entre os 5 mais corruptos

Corrupção piora na América Latina, diz ONG

DA REDAÇÃO

O espectro da corrupção continua rondando os países da América Latina, de acordo com um relatório divulgado ontem pela organização não-governamental Transparência Internacional, baseada em Berlim (Alemanha).
Segundo o ranking anual de corrupção divulgado pela ONG, a maioria dos países da região teve uma leve piora na percepção da corrupção de políticos e funcionários públicos no último ano.
O levantamento, feito em 102 países, apresenta uma escala de zero a dez. Quanto menor a nota, maior a percepção da corrupção. É baseado na opinião de investidores, funcionários de multinacionais e analistas estrangeiros.
Os países que obtiveram nota 7 ou mais são os considerados pela ONG como pouco corruptos. Dos 21 países da América Latina incluídos no levantamento, apenas o Chile (nota 7,5) está nesse patamar, como o 17º país menos corrupto do mundo.
O Brasil, com nota 4, é o quinto país menos corrupto da região e o 45º do mundo, ao lado de Peru e Jamaica. O Paraguai foi o país latino-americano com a nota mais baixa (1,7) e ficou em 98º na classificação geral. A nota da Argentina, que sofre a crise econômica mais grave de sua história e uma crise de confiança nos políticos sem precedentes, caiu de 3,5 para 2,8 entre o ano passado e este ano, levando o país do 57º posto mundial para o 70º.
"No ano passado, vimos uma queda na credibilidade do regime democrático. Em partes da América do Sul, a corrupção e o desgoverno das elites políticas tiraram confiança nas estruturas democráticas que emergiram após o fim dos regimes militares", afirmou o presidente da Transparência Internacional, Peter Eigen, durante a apresentação do relatório.
Além da Argentina, as notas de Panamá, Honduras, Guatemala, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Equador, Haiti e Paraguai ficaram abaixo de 3, considerado o nível mais crítico de corrupção.
"As elites políticas, aceitando subornos em qualquer oportunidade, e empresários inescrupulosos estão prendendo nações inteiras na pobreza e impedindo o seu desenvolvimento sustentável", disse Eigen. "Os políticos usam cada vez mais a retórica da luta contra a corrupção, mas não atuam para romper o círculo vicioso da pobreza e do suborno."

Sinais positivos
Segundo o levantamento da Transparência Internacional, cerca de 70% dos países pesquisados tiveram nota abaixo de 5. "A percepção da corrupção aumentou muito em Indonésia, Quênia, Angola, Madagascar, Paraguai, Nigéria e Bangladesh", diz o relatório.
Para Eigen, houve alguns sinais positivos nas antigas nações comunistas. A Eslovênia mostrou o maior avanço, com uma nota que saltou de 5,2 para 6 no último ano. Apesar disso, países como Rússia, Uzbequistão, Geórgia, Ucrânia, Cazaquistão, Moldova e Azerbaijão ainda têm notas inferiores a 3.
A Finlândia, com 9,7, continua como primeira da lista, como país menos corrupto do mundo, mas teve uma ligeira queda em relação ao ano passado, quando teve 9,9. A lista dos dez primeiros é seguida por Dinamarca (9,5), Nova Zelândia (9,5), Islândia (9,4), Cingapura (9,3), Suécia (9,3), Canadá (9), Luxemburgo (9), Holanda (9) e Reino Unido (8,7).
Entre os países da União Européia, a nota da Grécia (4,2) foi a mais baixa, no 44º posto geral. A Itália, com 5,2, ficou em 31º, e a Irlanda caiu de 7,5 para 6,9. Os EUA, cuja nota oscilou de 7,6 para 7,7, mantiveram o 16º posto da lista do ano passado.


Com agências internacionais

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