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Brasil não consegue reduzir corrupção, diz pesquisa
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O Índice de Percepções de Corrupção da Transparência Internacional, divulgado ontem, mostra
que o Brasil não apresentou alteração de sua imagem em relação a
2001, o que "é grave", de acordo
com Claudio Weber Abramo, secretário-geral da Transparência
Brasil. Neste ano, o país ficou com
nota 4, a mesma do último ano.
Isso indica que o Brasil não teve
sua imagem deteriorada no que
diz respeito à percepção internacional de seu grau de corrupção,
no entanto também demonstra
que a situação não melhorou. Em
2000, o Brasil recebeu nota 3,9.
Neste ano, o país ficou no mesmo
patamar da Bulgária, da Jamaica,
do Peru e da Polônia.
"O resultado brasileiro significa
que, se há efetivamente medidas e
iniciativas anticorrupção tomadas pelo governo federal e pelos
governos estaduais e municipais,
elas não surtiram efeito positivo
no que concerne à percepção da
corrupção. E a falta de progresso
no combate à corrupção é grave",
declarou Abramo à Folha.
"Cerca de 70% dos países da lista estão abaixo da nota 5, que seria
"média". Isso ocorre porque a
maior parte dos países é pobre.
Assim, as causas da corrupção são
diretamente ligadas a fatores relacionados à pobreza. Trata-se da
incapacidade do Estado de controlar seus próprios quadros e da
falta de mecanismos de controle
entre os três Poderes. É, portanto,
natural que um país mais pobre
seja menos estruturado, abrindo
caminho para a corrupção."
Segundo Abramo, é preocupante que o assunto venha sendo ignorado completamente pelos
protagonistas das variadas disputas eleitorais que ocorrem no Brasil atualmente. "Os políticos passam muito tempo criticando a
corrupção de seus adversários.
Mas, na hora de apresentar propostas concretas combatê-la, eles
se calam. Por quê?"
Para solucionar o problema, a
Transparência Brasil propõe a
criação de uma agência nacional
anticorrupção -que incluiria representantes dos três Poderes, do
Ministério Público, do Tribunal
de Contas da União e de organizações sociais (estes com um papel
consultivo). Essa agência "deveria
conceber um plano de combate à
corrupção e, em seguida, supervisionar a implementação das medidas e analisar os resultados obtidos", de acordo com Abramo.
A Transparência Brasil redigiu
um documento com medidas
concretas para atacar o problema.
Esse texto foi apresentado aos
candidatos à Presidência, contudo, por enquanto, nenhum deles
o assinou. Para Abramo, esse documento serviria para que a sociedade civil pudesse "cobrar" medidas concretas dos políticos, pois a
"falta de vontade política" permite que a corrupção se dissemine.
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