São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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Irã não deve abrigar terroristas, advertem EUA

Reuters
Khatami, o presidente do Irã


DA REDAÇÃO

Os EUA advertiram ontem o Irã de que não deve abrigar terroristas, após Teerã ter negado relato publicado num jornal americano segundo o qual integrantes da Al Qaeda estariam no país.
Dois líderes da rede terrorista de Osama Bin Laden teriam se refugiado nas cidades de Mashhad e Zabol, fronteiriças com o Afeganistão, disse o "Washington Post", que cita fontes dos serviços de inteligência do mundo árabe.
Os dirigentes mencionados -o egípcio Saif al-Adel e Mahfouz Ould Walid, da Mauritânia- seriam, atualmente, os chefes da brigada militar da Al Qaeda. "Já dissemos recentemente que há membros da Al Qaeda no Irã e, se houver, esperamos de todos os governos que não abriguem terroristas nem forneçam a eles um porto seguro", disse Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca.
Teerã nega a veracidade da informação. "Trata-se de novas acusações sem fundamento. Essas pessoas não se encontram no Irã", disse o porta-voz da Chancelaria iraniana, Hamid Reza Assefi. "Alguns círculos americanos adotaram o mau hábito de lançar e repetir essas acusações." O Irã diz já ter prendido e deportado cerca de 150 suspeitos de colaborar com a Al Qaeda e com o Taleban no Afeganistão, que teriam cruzado ilegalmente as suas fronteiras.
O presidente americano, George W. Bush, incluiu o Irã no que chamou de "eixo do mal", ao lado do Iraque e da Coréia do Norte.
Washington também acusa o Iraque de abrigar integrantes da Al Qaeda. As denúncias, não comprovadas, fazem parte da campanha dos EUA para convencer a opinião pública de que seus planos de atacar Bagdá e depor Saddam Hussein são justificáveis.
O presidente iraniano, Mohammad Khatami, advertiu ontem os EUA de que não devem considerar a hipótese de atacar o Irã no embalo de uma ação contra o Iraque. "Faremos o máximo possível para que nenhum ataque aconteça contra nenhum país, inclusive o nosso", disse ele. "Se um ataque vier, naturalmente estaremos prontos para pagar o preço e defender nossos interesses."

Disputa interna
Khatami disse ontem que enviará ao Parlamento um projeto de lei que lhe traria mais poderes para acelerar reformas políticas no Irã. Maior expoente da ala reformista em Teerã, o presidente enfrenta forte resistência do clero conservador, liderado pelo aiatolá Ali Khamenei, líder espiritual e máxima autoridade no país.
A nova lei deve ser aprovada pelos parlamentares, mas estará depois sujeita a veto pelo Conselho dos Guardiães, órgão dominado pelos conservadores.


Com agências internacionais

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