São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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Argentina condena generais a prisão perpétua

Generais Bussi e Menéndez são considerados culpados de desaparição de senador durante ditadura

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O general reformado Antonio Bussi, governador da Província de Tucumán durante a última ditadura militar argentina (1976-1983), foi condenado ontem à prisão perpétua, com direito à reclusão domiciliar, pelo desaparecimento do senador Guillermo Vargas Aignasse em 1976.
Após o anúncio da decisão, militantes de partidos de esquerda e defensores da causa dos direitos humanos protestaram em frente ao tribunal por considerar que a prisão na luxuosa casa onde vive o ex-general de 82 anos é o mesmo que a liberdade. Os manifestantes enfrentaram a polícia com paus e pedras e foram dispersados com gás lacrimogêneo. Várias pessoas ficaram feridas.
No julgamento, seu chefe militar, o ex-general Luciano Menéndez, 81, recebeu a mesma sentença. Menéndez, no entanto, já cumpria pena em prisão comum por outros crimes.
Durante o julgamento, os dois militares defenderam a repressão que protagonizaram durante a ditadura. "A perseguição aos delinqüentes subversivos não foi repressão", disse Menéndez. Já Bussi chorou durante o julgamento e agradeceu "aos soldados que o ajudaram a salvar a Argentina da agressão comunista".
Entidades de defesa dos direitos humanos estimam que 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura. Os julgamentos contra integrantes do regime militar foram retomados a partir de 2005, quando, sob o governo de Néstor Kirchner, que fez da punição dos crimes da ditadura uma bandeira política, foram revogadas as leis de anistia que haviam sido promulgadas no governo de Raúl Alfonsín (1983-1989).
Entre aqueles que aguardam julgamento, está o ex-ditador Jorge Rafael Videla.


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