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Morales convoca referendo sobre nova Carta boliviana
Presidente marca consulta para dezembro, enfrentando resistência de governadores
Ministro confirma que comitiva de mandatário se viu forçada anteontem a recorrer a aeroporto em Rondônia por segurança
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente boliviano, Evo
Morales, convocou ontem à
noite um referendo nacional
para ratificar a nova Constituição, considerada ilegítima por
seus opositores. A consulta,
marcada para 7 de dezembro,
deve acirrar ainda mais a crise
política e institucional do país.
O decreto, lido pelo ministro
Juan Ramón Quintana (Casa
Civil), praticamente enterra as
chances de um diálogo entre
governo e oposição esboçado
depois do referendo revogatório do último dia 10, no qual
Morales foi ratificado no cargo
com um apoio supreeendente
de 67% dos votos válidos.
"Nesta luta histórica pela refundação da Bolívia, pela primeira vez o povo boliviano participa na redação desta nova
Constituição mediante seus
constituintes, e pela primeira
vez uma Constituição é submetida ao voto do povo boliviano",
discursou Morales.
Além do referendo, o decreto
também prevê uma pergunta
sobre a extensão dos latifúndios sujeitos à desapropriação.
Nos departamentos de La Paz e
Cochabamba, haverá a eleição
de novos governadores, já que
os eleitos em 2005 tiveram o
mandato cassado no referendo
ocorrido há 19 dias.
Anteontem, governadores e
líderes empresariais de Santa
Cruz, Tarija, Beni, Pando e
Chuquisaca prometeram impedir a realização do referendo
sobre a nova Carta.
"Chegou-se ao acordo de que,
caso o governo queira impor
seu referendo ilegal, os cinco
departamentos não admitirão
sua realização em seus territórios", disse o governador de Tarija, Mario Cossío, na saída do
encontro, na cidade de Villamontes, perto da Argentina.
A nova Constituição foi aprovada em dezembro apenas por
governistas, em Oruro, sob forte segurança por causa dos protestos de oposicionistas, que
acusam Morales de centralizar
o poder em La Paz e defendem
maior independência administrativa para os departamentos.
Escala no Brasil
O governo boliviano confirmou ontem que Morales foi
obrigado, na véspera, a usar o
aeroporto brasileiro de Guajará-Mirim (RO) para voltar a La
Paz devido a de protestos de
opositores no departamento de
Beni (norte amazônico).
"A informação que tivemos é
que um grupo de jovens não
permitiram o reabastecimento
[do helicóptero]. Por isso, buscamos a melhor solução, que
era ir a Guajará-Mirim, porque
seu aeroporto dava toda a segurança", disse à rádio boliviana
Erbol o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas.
Segundo a Folha apurou,
Morales, que visitava a cidade
de Cachuela Esperanza, próxima à fronteira, foi aconselhado
a dormir em território brasileiro por questões de segurança,
mas preferiu voltar a La Paz.
Ele embarcou anteontem num
avião da Força Aérea boliviana
às 22h30, horário de Brasília.
Ao longo dos últimos meses,
manifestantes anti-Morales
têm invadido aeroportos nos
departamentos controlados
pela oposição para impedir viagens oficiais. O incidente mais
grave ocorreu quando os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Cristina Kirchner(Argentina) foram impedidos de
aterrissar na cidade de Tarija.
Com agências internacionais
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