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60 ANOS DEPOIS
Apesar de amplamente estudado, o maior conflito da humanidade ainda é fonte de controvérsias
Segunda Guerra ainda é fonte de mitos
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
Mesmo 60 anos depois do início
da Segunda Guerra Mundial,
aquele que foi o maior conflito da
história humana permanece como uma fonte inesgotável de mitos e controvérsias.
Desde que as tropas alemãs do
ditador Adolf Hitler invadiram a
Polônia, em 1º de setembro de
1939, milhares de livros foram publicados sobre o conflito.
Ainda assim, há quem diga, como o historiador militar John
Keegan, que "a história da Segunda Guerra Mundial ainda não foi
escrita. Talvez o seja no próximo
século".
Apesar dessa opinião de Keegan, autor de vários best sellers
sobre o conflito, é improvável que
descobertas espetaculares sejam
feitas no futuro.
Os historiadores já vasculharam
os arquivos disponíveis nos principais países beligerantes, e mesmo documentos secretos polêmicos já se tornaram acessíveis.
A última grande revelação sobre
a guerra, capaz de forçar reavaliações da sua história, foi a divulgação, em 1974, de que os aliados
ocidentais tinham quebrado o código secreto das transmissões de
rádio alemãs.
Graças a essas mensagens interceptadas, que receberam o codinome "Ultra", foi possível aos
aliados conhecer com antecedência os planos dos alemães em momentos cruciais.
As mensagens Ultra foram particularmente importantes para
derrotar os submarinos alemães
no Atlântico. Sem o domínio dos
mares, não seria possível transportar para a Europa os exércitos
americanos.
O Ultra foi certamente o mais
importante segredo da guerra,
apesar de ocasionalmente surgirem livros inventando teorias
conspiratórias -a mais clássica
afirma que o presidente dos EUA
Franklin Roosevelt sabia que os
japoneses atacariam a base americana de Pearl Harbor e nada fez
porque queria levar seu país à
guerra (nunca se achou a menor
pista dessa hipótese).
Até o Brasil não escapa de mitos. O país entrou na guerra depois que submarinos alemães
afundaram vários navios brasileiros. Mesmo depois de longamente mostrado que os submarinos
eram alemães, há quem acredite
que foram os americanos os responsáveis, interessados em levar
o país à guerra.
Fatos conhecidos há muitos
anos pelos historiadores -como
a existência de planos de contingência americanos para ocupar
bases no Nordeste em caso de recusa de ajuda brasileira-, volta e
meia são retratados como novas
"descobertas".
O que certamente vai continuar
existindo são interpretações "revisionistas", que prometem alimentar polêmicas sobre certos incidentes da guerra. E algumas
áreas ainda relativamente menos
conhecidas deverão merecer novos estudos.
As controvérsias dizem respeito
à própria origem da guerra, às estratégias dos beligerantes, ao papel dos líderes e a incidentes específicos.
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