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GUERRA-RELÂMPAGO
Termo se refere à rápida e vitoriosa campanha dos alemães na Polônia em setembro de 1939
Invasão pôs "Blitzkrieg" no vocabulário
especial para a Folha
Uma palavra passou para o vocabulário mundial em setembro
de 1939: "Blitzkrieg", guerra-relâmpago em alemão. A palavra
descrevia a rápida e letal campanha que foi a conquista da Polônia em apenas um mês. Curiosamente, no entanto, não foi criada
pelos alemães.
Segundo o historiador Dennis
Showalter, o primeiro uso dessa
palavra em uma publicação em
inglês foi um artigo na revista "Time" de 25 de setembro de 1939,
que discutia a derrota polonesa.
"O termo Blitzkrieg nunca foi
usado no título de nenhum manual militar alemão, nem se encontra muito nas memórias ou na
correspondência dos generais alemães", afirmou Showalter.
"Nossos inimigos cunharam a
palavra", disse o general alemão
Heinz Guderian, considerado o
pai da moderna guerra de blindados. O termo "guerra-relâmpago"
virou moda também porque dois
famosos estrategistas britânicos,
Basil Liddel Hart e J.F.C. Fuller,
argumentaram que os alemães tinham se baseado em seus escritos
sobre guerra de movimento (o
que é um grande exagero).
A campanha da Polônia foi a
primeira em que a combinação de
rápidos avanços de forças blindadas apoiadas pela aviação causou
a rápida desintegração do Exército inimigo.
A Blitzkrieg se deveu a desenvolvimentos tecnológicos, como a
mobilidade proporcionada pelos
blindados e a capacidade de comunicação rápida proporcionada
pelo rádio. Mas só a tecnologia
não explica as vitórias alemãs. Os
franceses e os britânicos também
tinham bons tanques, mas tendiam a dispersá-los, em vez de
concentrá-los em divisões blindadas como faziam os alemães.
Vencida a Polônia, parte de seu
território a leste foi ocupado pelos
soviéticos. Foi mais uma repartição do território polonês pelos vizinhos, como já acontecera no
passado. A Polônia fora recriada
depois da Primeira Guerra, em
território que pertencera à Alemanha e à Rússia.
Uma das polêmicas mais antigas na historiografia é a causa da
guerra na Europa. O historiador
A.J.P. Taylor argumenta, em seu
clássico livro de 1962 "As Origens
da Segunda Guerra Mundial",
que a guerra ocorreu por um erro
de cálculo de Hitler.
O líder alemão seria um oportunista que havia conseguido obter
ganhos como a incorporação da
Áustria e da então Tchecoslováquia sem provocar uma guerra
contra França e Reino Unido. Ele
teria achado que os dois aliados
ocidentais também consentiriam
com sua conquista da Polônia,
ainda mais que também tinha assinado um pacto de não-agressão
com a União Soviética.
Contra os argumentos de Taylor está a evidência do livro que
Hitler escreveu antes da guerra,
"Mein Kampf" (Minha Luta), no
qual ele já mostra seus desejos de
destruir aqueles que considerava
inferiores, como os eslavos e os
judeus. "Hitler desejava, queria,
suspirava pela guerra e pela desolação que ela traz", escreveu outro
autor de um livro sobre as origens
da guerra ("How War Came", como a guerra veio), Donald Watt.
Existe uma linha revisionista
que afirma que Hitler seria apenas
mais um estadista alemão e que
teria sido melhor para o Reino
Unido fazer as pazes com a Alemanha depois que esta conquistara a França em 1940.
Para o polêmico historiador inglês David Irving, Hitler não era
um monstro, e sim um líder como
qualquer outro, lutando pelo interesse de seu país como o seu rival
britânico Winston Churchill ou o
americano Roosevelt.
Irving também tentou empanar
o brilho de Churchill, retratando
o primeiro-ministro britânico como um belicista sanguinário.
A avaliação do papel dos grandes líderes políticos e militares da
guerra é um ponto em que as controvérsias nunca vão acabar. Um
dos motivos é o papel-chave que
eles tiveram na guerra.
(RBN)
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