São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Governo italiano nega ter pago US$ 1 milhão pela libertação das duas Simonas, que já estão em seu país

Após negociação, reféns italianas são soltas

DA REDAÇÃO

Simona Torretta e Simona Pari, as duas voluntárias italianas que estavam seqüestradas no Iraque, foram soltas ontem, após permanecerem três semanas em cativeiro. Dois iraquianos que haviam sido capturados com elas também foram libertados. Rumores indicam que foi pago US$ 1 milhão pelo resgate. Após serem soltas, as duas italianas foram embarcadas em um avião, que chegou na noite de ontem a Roma.
Em outro caso, quatro engenheiros de uma companhia telefônica do Egito foram soltos ontem. Eles haviam sido seqüestrados na semana passada.
A libertação das duas Simonas, como ficaram conhecidas as italianas, por terem o mesmo nome, foi celebrada na Itália. Redes de TV interromperam as suas programações para dar a notícia e centenas de pessoas foram para os arredores das casas de Simona Torretta, em Roma, e Simona Pari, em Rimini, para comemorar.
As TVs árabes exibiram as imagens da libertação. As duas italianas retiraram os véus que cobriam todo o rosto e deixavam apenas os olhos à mostra, e sorriram, aparentando boa condição de saúde. Em árabe, Simona Torreta disse: "Muito obrigada. Adeus". Pari ficou em silêncio.
O premiê Silvio Berlusconi, que colocou a libertação das duas italianas como prioridade, afirmou: "Finalmente boas notícias. É um momento para celebrar. Após muitos dias, muitas noites, muitas direções seguidas e 16 diferentes negociações, o caso foi concluído". Ele não deu detalhes de como ocorreram as negociações. Um jornal da Kuait afirmou ontem em reportagem que as duas Simonas foram soltas após o pagamento de resgate de US$ 1 milhão.
Berlusconi negou a informação. O premiê disse apenas que as duas italianas foram libertadas graças à ajuda da Cruz Vermelha Internacional. Ele agradeceu apenas a serviços de inteligência de países vizinhos ao Iraque, especialmente à Jordânia -o rei Abdullah está na Itália.
As duas Simonas, ambas com 29 anos, estavam no Iraque como voluntárias da organização humanitária "Ponte para Bagdá" e participavam de projetos educacionais. No dia 7, elas e outros dois iraquianos -soltos ontem- que trabalham na organização foram seqüestrados.
O seqüestro delas provocou enorme comoção na Itália, especialmente porque estavam no Iraque como voluntárias.
"É como nascer de novo. É a luz depois das trevas", disse Anna Maria Torretta, mãe de uma das Simonas. Na semana passada, um site islâmico publicou a informação de que elas tinham sido mortas. "Eu sabia que Simona voltaria. Nunca perdi a esperança", afirmou a mãe de Torretta.
Daniela Rossi, mãe da outra Simona, sorriu e em seguida começou a chorar na sacada de seu apartamento, em Rimini. O Vaticano informou que o papa João Paulo 2º, que recentemente fez pedidos para a libertação, expressou "felicidade" com a notícia.
A pressão para que Berlusconi agisse para obter a libertação das reféns foi enorme -em agosto um jornalista italiano foi assassinado após o fracasso de negociações. Para soltar as Simonas, os seqüestradores, segundo informações, exigiam a retirada dos cerca de 2.700 militares italianos que estão no Iraque integrando coalizão liderada pelos EUA.

Franceses e britânico
Os dois repórteres franceses que estão seqüestrados no Iraque desde o dia 20 de agosto podem ser libertados em breve, segundo disse um negociador do governo francês. Paris já teria chegado a um acordo "sem a necessidade de pagamento". "Eles estão bem de saúde, psicologicamente e emocionalmente. Temos uma fita dizendo que Christian [Chesnot] e Georges [Malbrunor] serão soltos em breve", afirmou o negociador em entrevista a Al Jazira.
O premiê do Reino Unido, Tony Blair, expressou apoio e solidariedade à família do britânico Kenneth Bigley, 62, que está sendo mantido refém há 12 dias no Iraque. Dois americanos que estavam com ele foram decapitados.
Paul, irmão de Bigley, disse anteontem que Blair deveria renunciar. Ontem, celebrou a libertação das italianas e lembrou do apoio do líder palestino Iasser Arafat, que se ofereceu para ajudar nas negociações. Ainda há 18 estrangeiros seqüestrados no Iraque.


Com agências internacionais


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