São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Jospin desiste de pré-candidatura

Horacio Villalobos - 26.ago.2006/Efe
O ex-premiê francês Lionel Jospin: "não serei mais candidato"


Ex-premiê anuncia que não vai mais disputar a indicação do Partido Socialista à eleição presidencial da França

O socialista se nega, porém, a apoiar a candidatura de Ségolène Royal, tida como a favorita para representar a legenda no pleito de 2007

DA REDAÇÃO

O ex-premiê francês Lionel Jospin (1997-2002) abandonou ontem sua pré-candidatura à Presidência da França pelo Partido Socialista, abrindo caminho -em tese- para Ségolène Royal, apontada pelas pesquisas como sendo a favorita para representar os socialistas.
A desistência de Jospin, porém, ainda deixa indefinido o panorama eleitoral para o PS: cinco pré-candidatos, entre eles Ségòlene, ainda permanecem na disputa interna pela indicação do partido.
"Não disputarei mais a candidatura de nosso partido à eleição presidencial. É uma decisão difícil de tomar", disse Jospin, 69, em carta enviada ontem aos membros do PS.
"Não quero, em uma situação já confusa -e para ser apenas mais um candidato-, contribuir para fragmentar [o PS]", explicou. "A perspectiva de contar com quatro ou cinco candidatos na linha de largada não me parece razoável."
O PS deve formalizar seu candidato após uma votação por seus 200 mil membros entre os dias 16 e 23 de outubro. As candidaturas podem ser apresentadas até este domingo.
Além de Ségolène, aparecem como pré-candidatos seu marido e primeiro-secretário do PS, François Hollande, os ex-ministros Dominique Strauss-Kahn e Jack Lang e o ex-premiê Laurent Fabius (veja quadro nesta página).
Jospin afirmou, porém, que não irá apoiar a indicação de Ségolène que, segundo uma pesquisa recente da Ipsos, tem 54% dos votos dos eleitores socialistas.
As sondagens a apontam ainda como a única socialista capaz de enfrentar o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, o mais provável candidato pela conservadora União por um Movimento Popular.
O ex-premiê vinha liderando uma campanha entre a "velha guarda" do PS para deslegitimar a candidatura da adversária e recentemente a chamou de "fútil" e "demagoga".
Os chamados "elefantes" do partido têm restrições ao que interpretam como uma tendência de Ségolène de "flexibilizar" a plataforma socialista, a exemplo do que fez Tony Blair com o Trabalhismo no Reino Unido.
"Não optarei por nenhum dos candidatos, ou por nenhuma, para ser mais preciso", afirmou à rádio RTL. "Preciso escutar quem serão os atores da campanha interna. Em função do que disserem e do que defenderem, vou me pronunciar quando chegar o momento", acrescentou.

Derrota
Jospin saiu de cena depois de uma derrota estrondosa nas eleições presidenciais de 2002, quando chegou em terceiro lugar, atrás do atual presidente, Jacques Chirac, e do líder da extrema-direita, Jean Marie Le Pen.
Mas havia ressurgido em junho, declarando-se "disponível" para unir o partido em torno da eleição presidencial. Ontem, ele admitiu que sua campanha não "pegou" e que não contou com o apoio do partido. "Incapaz de unir as pessoas, não quero dividi-las", disse.
Sua decisão foi bem recebida dentro e fora do PS. Para Hollande, a atitude foi "sábia e responsável". Já Fabius afirmou ter um "sentimento de respeito" pelo ex-premiê.
Arnaud Montebourg, porta-voz de Ségolène, disse que a desistência é "uma notícia muito boa" e "um passo decisivo para o reagrupamento socialista".
"Ele [Jospin] efetua uma saída da política marcada por uma dignidade e uma bravura que só podemos saudar", escreveu em editorial o jornal "Le Monde".


Com agências internacionais

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