São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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Bolívia enfrenta mais um dia de protestos

Manifestações contra o governo Evo Morales iniciadas para barrar construção de estrada brasileira se ampliam

Central Operária do país convoca novas marchas; diversas categorias pressionam por acordos salariais

FLAVIA MARREIRO
DE CARACAS

A Bolívia viveu ontem mais um dia de protestos pró-indígenas amazônicos e contra o governo Evo Morales, numa crise que pode se converter em revés na inédita e controversa eleição para o Judiciário, prevista para o dia 16.
Em La Paz, uma marcha convocada pela COB (Central Operária Boliviana), a maior central sindical do país, reuniu também professores, médicos, grupos ecologistas, indígenas e estudantes. Em outras grandes cidades também houve mobilizações.
Foi um indício de que a repressão do governo, domingo passado, aos indígenas que se opõem a uma estrada financiada pelo Brasil acabou unindo vários grupos descontentes com Morales, a maioria de sua base política.

COBRANÇAS
A COB cobra cumprimento de acordos salariais do semestre passado, e médicos e professores pedem aumento. O governo tentou estancar a crise anunciando a suspensão da construção da estrada, a cargo da OAS e com financiamento do BNDES.
Até agora, porém, a paralisação tem efeito nulo, já que a empresa não recebeu notificação para interromper os trabalhos nos trechos 1 e 3 da estrada. O trecho 2, foco da polêmica, porque cortará uma reserva ecológica, não começou a ser feito nem tem ainda licença ambiental.
O temor dos governistas é que a crise contamine as eleições do dia 16, quando os bolivianos escolherão pela primeira vez os magistrados dos altos tribunais do país.
Os candidatos foram pré-selecionados pelo Congresso, controlado pelo governo. A oposição a Morales pede voto nulo. "Se os manifestantes alcançarem uma votação nula expressiva, a estratégia pode funcionar como questionamento da eleição", diz Gonzalo Chávez, da Universidade Católica da Bolívia.
A crise provocada pelos protestos contra a obra da estrada já derrubou os ministros Sacha Llorenti, da Segurança, e Cecilia Chacón, da Defesa, além da diretora de Migrações do governo boliviano, María Quiroga. Amanhã, mais dois ministros deverão ser sabatinados sobre o tema no Congresso.
A rodovia, de 306 km, tem custo estimado em US$ 415 milhões, dos quais US$ 332 milhões virão do BNDES.


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