São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997.




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'Você não vai apanhar mais'

da Redação

Amós Oz, 58, é o mais celebrado escritor israelense. Nascido em Jerusalém, tinha oito anos quando a Assembléia Geral da ONU decidiu pela partilha da Palestina.
Escreveu um livro sobre suas memórias da época: "The Panther in the Basement" (A Pantera no Porão).
"Tenho memórias muito fortes do momento da partilha, do dia, da hora", conta ele.
"Eu lembro que meu pai foi à casa dos vizinhos para acompanhar pelo rádio a votação na ONU. Ele voltou de madrugada, me acordou, e me disse coisas que nunca tinha dito antes, sobre o que vândalos anti-semitas tinham feito contra ele quando era criança, na Polônia e na Rússia. Depois me disse, 'você ainda pode ser espancado na escola, mas não por ser judeu'. Para mim, aquele era o significado de Israel'."
Enquanto os árabes lamentavam a decisão da ONU, os judeus celebravam no setor judaico de Jerusalém. "Naquela mesma noite, meu pai me levou para as ruas, onde as pessoas estavam eufóricas, dançando. As lojas abriram e os donos davam bebida de graça para as pessoas", lembra ele.
"No dia seguinte, começou a troca de tiros", complementa Oz, pacifista convicto, um dos pioneiros do movimento Paz Agora, que prega o diálogo entre Israel e palestinos. (SM)



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