São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2000

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VOTO FÁCIL
"É mais fácil que nos EUA", diz o reeleito Chrétien ao votar, em papel
Canadá reelege premiê e ironiza EUA

Associated Press
Chrétien abraça a mulher, Aline, em comemoração pela vitória



DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro canadense, Jean Chrétien, superou as expectativas e obteve uma ampla vitória nas eleições parlamentares de anteontem, garantindo um terceiro mandato seguido, indicam as projeções da rede de TV Canadian Broadcasting Corp.
A rápida apuração (manual) dos cerca de 20 milhões de votos em papel foi também comemorada pelos canadenses como uma espécie de "vitória moral" sobre os vizinhos norte-americanos, que tentam há três semanas descobrir quem venceu a eleição presidencial. Os canadenses são frequentemente alvo de piadas dos norte-americanos, que os vêem como "caipiras".
O sistema eleitoral canadense é similar ao britânico, com deputados eleitos por distritos. As cédulas têm um desenho único para todo o país, na qual o eleitor deve marcar um "xis" ao lado do nome do candidato escolhido no distrito. As regras são basicamente as mesmas desde a promulgação da primeira lei eleitoral, em 1900.
Os canadenses não perderam a oportunidade de fazer piada com a indefinição eleitoral no país vizinho. O chefe do comitê eleitoral, Jean-Pierre Kingsley, disse ontem que, "se alguém encontrar um voto grávido, deve ter votado na eleição errada". Os norte-americanos batizaram de "chads grávidos" os cartões perfurados usados como cédulas na Flórida que tiveram o voto marcado, mas não totalmente perfurado, ficando apenas com o papel estufado.
O próprio Chrétien afirmou, anteontem, ao lado da urna, ao depositar seu voto: "Isto é mais fácil que nos Estados Unidos".
Com a vitória, Chrétien, 66, tornou-se o primeiro líder do país, desde a Segunda Guerra Mundial, a obter a maioria no Parlamento em três eleições consecutivas.
Chrétien convocou eleições a apenas três anos e meio de seu mandato de cinco, contrariando seus assessores e aliados.
O primeiro-ministro quis tirar vantagem de uma confortável liderança nas pesquisas e de um forte crescimento econômico, além de pegar os partidos de oposição desprevenidos.
As projeções indicam que o Partido Liberal, de Chrétien, deve obter 171 das 301 cadeiras no Parlamento, um aumento de 12 em relação à composição atual do Legislativo. O principal partido opositor, Aliança Canadense, obteve 67 cadeiras, e o grupo separatista Bloc Québécois, 38, todas na Província francófona de Québec.
Apesar de as pesquisas mostrarem uma disputa muito mais acirrada após cinco semanas de campanha, os liberais mantiveram sua forte base na Província de Ontário e tiveram ganhos em outras partes do leste canadense.
A Aliança Canadense falhou em sua tentativa de se tornar mais que um partido de protesto do oeste, ficando praticamente sem representação em Ontário, Québec e nas outras Províncias do leste, mas conseguiu se fortalecer ainda mais no oeste, passando de 58 para 66 cadeiras no total.
Quando o presidente dos Estados Unidos deixar seu cargo, em janeiro, Chrétien, premiê desde 1993, se tornará o mais antigo governante do G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo.
"Em uma democracia não há perdedores", disse Chrétien em um discurso conciliador sobre a campanha, que qualificou de "arduamente disputada" e que "foi com frequência demasiado negativa e pessoal".


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