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PERU
Total já descoberto no país em contas do ex-braço direito de Fujimori é de US$ 70 mi; seu paradeiro continua incerto
Montesinos tem mais US$ 22 mi na Suíça
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
A Justiça suíça anunciou ontem
o bloqueio de US$ 22 milhões em
cinco novas contas bancárias ligadas ao ex-chefe do serviço secreto
peruano Vladimiro Montesinos.
No início do mês, o governo suíço já havia anunciado o bloqueio
de US$ 48 milhões em contas bancárias no país ligadas a Montesinos, ex-braço direito de Alberto
Fujimori, destituído da Presidência do Peru na semana passada.
Montesinos é acusado ainda de
possuir outros milhões de dólares
em contas na Argentina, no Uruguai, no Panamá, nos Estados
Unidos e nas Ilhas Cayman, entre
outros.
Segundo um comunicado público divulgado ontem pela Justiça do distrito de Zurique, o dinheiro encontrado nas contas
procede, "com quase total segurança", de comissões por vendas
de armas entre Rússia e Peru.
A juíza encarregada do caso,
Cornelia Cova, diz que o papel
exato de Montesinos nessas operações ainda não está claro. Os investigadores procuram agora estabelecer provas da origem ilícita
do dinheiro. Segundo Cova, já foram examinadas 17 contas em sete bancos diferentes.
Montesinos foi o pivô da crise
política que culminou com o pedido de renúncia de Fujimori, feito em Tóquio, no Japão, e sua posterior destituição pelo Congresso,
por "incapacidade moral".
Fujimori permanece no Japão.
O governo do país diz que está verificando se ele tem direito à cidadania japonesa, mas diz que ele
ainda não a solicitou.
A divulgação de um vídeo no
qual Montesinos aparece supostamente pagando US$ 15 mil a um
parlamentar eleito pela oposição
para votar com o governo, em setembro, levou Fujimori a anunciar eleições antecipadas.
Montesinos viajou ao Panamá,
onde pediu asilo, mas teve o pedido negado e retornou ao Peru
quase um mês depois, recrudescendo a crise. Montesinos permanece em lugar desconhecido desde então. Ele teve sua prisão decretada, sob acusação de lavagem
de dinheiro, tráfico de influência,
fraude fiscal, tortura e assassinato.
O ministro do Interior do Peru,
Ketín Vidal, afirmou que desconhece o paradeiro de Montesinos,
mas que "todas as medidas" serão
tomadas para localizá-lo, sem especificar quais são essas medidas.
Mudanças
O governo de transição do Peru,
encabeçado pelo presidente Valentín Paniagua, tomou como
uma de suas tarefas prioritárias a
institucionalização das Forças Armadas e a dissolução do rastro da
estrutura de influências montada
por Montesinos para controlar a
cúpula militar do país.
O ministro da Defesa, o general
da reserva Walter Ledesma,
anunciou na noite de anteontem a
designação do comandante-geral
da Força Aérea, Pablo Carbone,
como novo presidente do Comando Conjunto das Forças Armadas. A nomeação rompeu a
tradição dos dez anos da gestão de
Fujimori, período no qual o cargo
sempre ficava nas mãos do comandante-geral do Exército.
Além disso, Ledesma anunciou
que o general Juan Yanqui, chefe
do Comando de Instrução do
Exército, ligado a Montesinos, foi
passado à reserva. Outros 12 generais próximos a Montesinos
haviam sido passados à reserva na
semana passada, enquanto o general Carlos Tafur, que havia sido
afastado em setembro por Fujimori, foi nomeado comandante-geral do Exército.
Segundo opositores de Fujimori, Montesinos criou uma rede de
influências nas Forças Armadas,
no Poder Judiciário, no Ministério Público, no Congresso e no
sistema eleitoral para assegurar a
permanência de Fujimori no poder. A oposição teme que a influência de Montesinos se mantenha, mesmo com ele na clandestinidade, e pedem um total expurgo nas Forças Armadas.
Candidatos
O ouvidor-geral do Peru, Jorge
Santistevan, anunciou ontem sua
renúncia ao cargo, para poder
concorrer à Presidência nas eleições de abril de 2001.
Santistevan e o economista Alejandro Toledo são os únicos candidatos declarados até agora. Toledo recusou-se a disputar o segundo turno da eleição presidencial de maio contra Fujimori depois que grupos internacionais
apontaram indícios de fraudes.
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