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NIGÉRIA
Decreto "deverá ser ignorado"
Órgão islâmico anula "fatwa" contra jornalista
DA REDAÇÃO
O mais elevado órgão islâmico
da Nigéria afirmou ontem que os
muçulmanos deveriam ignorar a
"fatwa" (decreto religioso), emitida por um Estado do norte do
país, que os exortava a matar Isioma Daniel. Ela é a jornalista que
escreveu o artigo sobre o concurso de Miss Mundo que deu início
a violentos conflitos religiosos no
país -que causaram a morte de
mais de 200 pessoas.
O comunicado oficial foi divulgado no momento em que o presidente Olusegun Obasanjo enfrentava o descontentamento dos
líderes da igreja da cidade de Kaduna, que foi palco da revolta popular. Segundo os religiosos, a
maioria dos mortos nos enfrentamentos era cristã.
"O Estado de Zamfara não tem
autoridade para emitir uma "fatwa". Assim, o decreto emitido pelo Estado deverá ser ignorado",
dizia o comunicado oficial.
O artigo da jornalista enfureceu
os muçulmanos porque dizia que,
se ainda fosse vivo, o profeta Muhammad aprovaria a realização
do concurso de Miss Mundo na
Nigéria e talvez até escolhesse
uma das concorrentes para ser
sua mulher.
A violência gerada pelo artigo,
que foi publicado pelo jornal
"ThisDay", fez com que os organizadores do concurso de Miss
Mundo decidissem transferir sua
realização para o Reino Unido. O
escritório do "ThisDay" em Kaduna foi totalmente destruído por
militantes islâmicos.
A jornalista fugiu da Nigéria, segundo os editores do "ThisDay".
Ela pediu demissão e foi para os
EUA, de acordo com eles. O editor que responde pelo suplemento de sábado -no qual o artigo
fora impresso- foi preso para interrogatório e depois libertado.
A tragédia poderá ter graves
efeitos políticos. Afinal, Obasanjo
pretendia realizar as primeiras
eleições no país desde o final do
regime militar, em 1999. Em princípio, o pleito deverá ocorrer no
primeiro semestre de 2003.
Com agências internacionais
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