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Apesar de conflitos, Lula diz que irá à Bolívia
Presidente confirma a viagem, marcada para o próximo dia 12, para tratar da exploração de novas áreas de gás no país
Na cidade boliviana de Santa Cruz, brasileiros se juntam a produtores rurais anti-Morales, mas dizem que não vão deixar o país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA A SANTA CRUZ
Apesar dos distúrbios que
convulsionam a Bolívia nos últimos dias, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva confirmou
a viagem ao país, marcada para
12 de dezembro.
"Ainda não conversei com o
Evo Morales, mas a agenda
continua de pé", disse Lula,
após almoço no Itamaraty. A
viagem servirá para a criação de
parceria na exploração de novas áreas de gás naquele país.
No Palácio do Planalto, porém, alguns assessores sugerem o cancelamento da visita.
O argumento é que não é um
bom momento, pois Morales
vive fase de fragilidade política.
Anteontem, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que os conflitos que acontecem na Bolívia
"são próprios da democracia".
Em Santa Cruz, epicentro da
greve de ontem, há uma forte
presença brasileira. Sob uma
grande árvore, em uma das rotatórias da principal avenida da
cidade, reuniam-se os maiores
produtores agrários do país
-muitos dos quais brasileiros.
Dividindo sucos e comidas,
discutiam o que chamam de
"escalada ditatorial" do governo Morales preocupados com a
safra deste ano e a de 2008. Dizem que a produção está ameaçada, pois o governo decidiu reduzir a importação de diesel.
Avaliam que acumularão, até o
Natal, déficit de 18 milhões de
litros do combustível e dizem
que há filas na capital do departamento para consegui-lo.
Os brasileiros, 240 produtores na principal associação e
responsáveis por cerca de 35%
da produção de soja do departamento, também demonstravam preocupação. "Não pode
ser só desconhecimento ou falta de capacidade administrativa. A falta de diesel aqui é política. O risco de perder 500 mil
hectares de plantação é real",
diz o paranaense João Raymundo, produtor de soja e dono de uma empresa se insumos.
"Só não está faltando diesel
para mim porque eu estoquei."
"A situação está difícil, mas
não penso em sair da Bolívia.
Tenho esperança porque cada
vez mais o país se dá conta do
que está acontecendo", diz Cesar Tillmann, da associação de
produtores Unisoya, que exporta 10% do total cruzenho.
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