São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Apesar de conflitos, Lula diz que irá à Bolívia

Presidente confirma a viagem, marcada para o próximo dia 12, para tratar da exploração de novas áreas de gás no país

Na cidade boliviana de Santa Cruz, brasileiros se juntam a produtores rurais anti-Morales, mas dizem que não vão deixar o país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA A SANTA CRUZ

Apesar dos distúrbios que convulsionam a Bolívia nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a viagem ao país, marcada para 12 de dezembro.
"Ainda não conversei com o Evo Morales, mas a agenda continua de pé", disse Lula, após almoço no Itamaraty. A viagem servirá para a criação de parceria na exploração de novas áreas de gás naquele país.
No Palácio do Planalto, porém, alguns assessores sugerem o cancelamento da visita. O argumento é que não é um bom momento, pois Morales vive fase de fragilidade política.
Anteontem, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que os conflitos que acontecem na Bolívia "são próprios da democracia".
Em Santa Cruz, epicentro da greve de ontem, há uma forte presença brasileira. Sob uma grande árvore, em uma das rotatórias da principal avenida da cidade, reuniam-se os maiores produtores agrários do país -muitos dos quais brasileiros.
Dividindo sucos e comidas, discutiam o que chamam de "escalada ditatorial" do governo Morales preocupados com a safra deste ano e a de 2008. Dizem que a produção está ameaçada, pois o governo decidiu reduzir a importação de diesel. Avaliam que acumularão, até o Natal, déficit de 18 milhões de litros do combustível e dizem que há filas na capital do departamento para consegui-lo.
Os brasileiros, 240 produtores na principal associação e responsáveis por cerca de 35% da produção de soja do departamento, também demonstravam preocupação. "Não pode ser só desconhecimento ou falta de capacidade administrativa. A falta de diesel aqui é política. O risco de perder 500 mil hectares de plantação é real", diz o paranaense João Raymundo, produtor de soja e dono de uma empresa se insumos.
"Só não está faltando diesel para mim porque eu estoquei."
"A situação está difícil, mas não penso em sair da Bolívia. Tenho esperança porque cada vez mais o país se dá conta do que está acontecendo", diz Cesar Tillmann, da associação de produtores Unisoya, que exporta 10% do total cruzenho.


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