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análise
EUA buscam novos parceiros paquistaneses
HELENE COOPER e STEVEN LEE MYERS
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
O assassinato de Benazir
Bhutto jogou por terra o esforço empreendido pelo governo Bush nos últimos 12
meses para reconciliar as
facções políticas paquistanesas. Agora, o governo procura analisar suas opções, cada
vez mais limitadas.
Ontem, o Departamento
de Estado revelou que funcionários americanos contataram representantes do
Partido do Povo, de Benazir,
dos partidos que apóiam
Musharraf e também do Partido da Liga Muçulmana-Nawaz, do ex-premiê Nawaz
Sharif. O fato de representantes americanos estarem
conversando com partidários de Sharif, visto por eles
como tendo vínculos demais
com islâmicos, é um indicativo de quão difícil será para os
EUA encontrarem um parceiro no qual consigam depositar confiança plena.
O assassinato de Bhutto
ressaltou o fracasso em alcançar dois dos principais
objetivos do presidente Bush
na região: sua tentativa de levar a democracia ao mundo
muçulmano e sua campanha
para afastar os militantes islâmicos que resistem no Paquistão -o Estado nuclearizado visto como o "ponto zero" da luta contra o terrorismo-, apesar do esforço prolongado dos EUA em afastar
a Al Qaeda da fronteira entre
Paquistão e Afeganistão.
Funcionários do governo
dizem que os EUA ainda querem que as eleições paquistanesas aconteçam, ou na data
prevista, 8 de janeiro, ou
pouco depois. Mas vários representantes da administração admitiram que Musharraf pode decidir adiar as eleições se o clima político no
país piorar mais ainda.
Um funcionário sênior do
governo disse que, depois do
assassinato de Benazir, a embaixada americana está procurando aproximar-se de políticos de todas os lados do
espectro. "Vale lembrar que
a maioria das pessoas do partido de Musharraf saiu do
partido de Nawaz", disse o
funcionário. Embora tenha
reconhecido que uma aliança entre Sharif e Musharraf
seria improvável, em vista da
inimizade de longa data entre eles, acrescentou: "Em
matéria de política, não faço
previsões".
Diplomatas e analistas de
política externa disseram
que o assassinato de Benazir
Bhutto deixou clara a incapacidade dos EUA de manipular os assuntos políticos
internos do Paquistão.
Isto dito, nunca antes o Paquistão foi tão importante
para os EUA quanto é hoje. O
governo Bush vem se esforçando ao máximo para equilibrar a insistência americana de que o Paquistão continue no caminho à democracia com a pouca disposição
de Musharraf de correr o risco de conturbações que poderiam facilitar a operação
mais livre da Al Qaeda e do
Taleban, especialmente com
a presença de tropas dos
EUA e da Otanno vizinho
Afeganistão.
É por essa razão que a administração vinha se esforçando tanto para mediar um
acordo de partilha do poder
entre Musharraf e Benazir,
após as eleições parlamentares. Os EUA enxergavam a
proposta de partilha do poder em parte como maneira
de obrigar Musharraf a aderir ao caminho democrático
e em parte como contrapeso
às crescentes pressões por
seu afastamento.
Tradução de CLARA ALLAIN
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