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Viúvo da ex-premiê pode ter a chefia do partido; a dinastia Bhutto chega ao fim
FRAHAN BOKHARI
DO "FINANCIAL TIMES"
O Partido do Povo do Paquistão ainda não decidiu se levará
adiante seus planos de disputar
as eleições legislativas de 8 de
janeiro, em meio à comoção
provocada pelo assassinato de
Benazir Bhutto. O partido foi
mergulhado num momento delicado. Deve decidir rapidamente como substituir Benazir
e ainda preservar o apoio obtido com o atentado.
As negociações para a escolha de uma nova liderança não
serão abertas antes da semana
que vem. Mas Asif Ali Zardari,
viúvo da ex-premiê morta, terá
um papel central na sucessão.
Um assessor de Benazir,
Shafqat Mahomud, disse que "a
estrutura do PPP está construída de tal maneira que é impossível não termos a família Bhutto no primeiro escalão".
Zardari, que estava em Dubai
e que na quinta-feira à noite
voou para o Paquistão com seus
três filhos, é um personagem
controvertido. Embora Benazir
o defendesse de modo incondicional, inquéritos no Paquistão
e em outros países o envolvem
em corrupção.
Além dele, devem ocupar posições importantes Amin Fahim, o mais velho dos dirigentes do PPP, e o carismático advogado Aitzaz Ahsan, que já foi
ministro do Interior.
Com a morte de Benazir, sua
dinastia estaria chegando ao
fim. "Os Bhutto morrem cedo, e
a morte da ex-premiê tem a
particularidade de apagar o sobrenome familiar da política
paquistanesa", diz Khuda
Bursh, trabalhador de Karachi.
A dinastia não acabou. Bilawal,
o filho mais velho de Benazir, é
estudante em Oxford. Mas ele
tem o sobrenome do pai.
Dirigentes do partido não
querem discutir o assunto, sob
o argumento de que é preciso
esperar os três dias de luto.
Analistas afirmam, no entanto, que o PPP tem um papel importante a exercer na política
paquistanesa, independentemente da existência de um
Bhutto em seu comando.
"Muitos paquistaneses querem que o país tenha um partido atuando entre o centro e a
esquerda, e o PPP preenche essa necessidade", diz Syesha Jalal, professor de história na
Universidade Tufts.
O pai de Benazir fundou o
PPP nos anos 60 como uma alternativa à esquerda da Liga
Muçulmana do Paquistão, que
tem hoje uma de suas facções
sob o comando de Nawaz Sharif, outra liderança do país.
Defendendo um "socialismo
islâmico" e prometendo uma
economia capaz de fornecer
alimentos, roupas e habitação,
o PPP se tornou um partido nacional nos anos 70. Mas hoje diplomatas ocidentais comentam
que a prioridade está nas eleições de janeiro.
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