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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Segundo porta-voz da Casa Branca, Bush quer intensificar contatos com aliados europeus e com a ONU

EUA começam a "fase final" de consultas

DA REDAÇÃO

Os EUA disseram ontem, um dia depois do discurso sobre o Estado da União, de George W. Bush, que estavam dando início à "fase final" de consultas diplomáticas para obter apoio internacional à pressão que exercem atualmente sobre o ditador iraquiano, Saddam Hussein, visando que ele aceite desarmar seu país para evitar uma guerra.
"Estamos entrando na fase final. Durante esta fase, o que deverá ser aberto é uma janela diplomática. Com isso, o presidente deverá intensificar suas conversas com nossos aliados europeus e com a ONU", declarou Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
Vital para a estratégia americana será a apresentação, por parte do secretário de Estado, Colin Powell, das provas concretas (que os EUA dizem ter) de que Saddam ainda tem programas de armas de destruição em massa, o que deverá ocorrer em 5 de fevereiro.
Powell tentará demonstrar que Saddam não coopera verdadeiramente com os inspetores de armas da ONU e que o Iraque dá proteção à rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden. O governo do Iraque nega ter elo com a Al Qaeda. Powell disse pensar que as provas que serão apresentadas farão a Alemanha, um dos países que se opõem mais claramente à guerra, mudar de posição.
Além disso, ele afirmou que, se necessário, os EUA poderão aceitar que uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU seja concebida e votada antes do início de uma ofensiva contra o Iraque. No entanto ele ressaltou que o Iraque será desarmado pacificamente ou com a utilização da força militar. Powell disse ainda que os EUA podem ajudar Saddam e seus "homens de confiança" a encontrar um refúgio fora do Iraque para evitar a guerra.
Segundo o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, Powell poderá utilizar documentos que, até recentemente, eram confidenciais.
Ontem, no Congresso dos EUA, Rumsfeld e Powell entregaram "provas concretas" dos vínculos do Iraque com a Al Qaeda a legisladores americanos. "As conexões entre o regime iraquiano e a Al Qaeda são cada vez mais claras", declarou a democrata Carolyn Maloney, que participou de uma reunião sobre o tema, em Washington.
Enquanto isso, Bush refutou os argumentos da França e da Alemanha de que será possível conter o Iraque e convencê-lo a colaborar com a ONU se os inspetores da entidade tiverem mais tempo para concluir seu trabalho em território iraquiano.
"Em meu julgamento, não é possível conter Saddam Hussein. Não é possível esperar que uma terapia venha a mudar sua mente má", declarou o presidente durante uma visita oficial ao Estado de Michigan.
Uma pesquisa publicada ontem apontou que 67% dos americanos disseram que Bush fez -durante o discurso sobre o Estado da União- uma defesa convincente da necessidade de agir contra Saddam. Anteriormente, apenas 47% dos entrevistados tinham essa opinião. Ademais, 50% disseram ter achado o discurso do presidente muito positivo.
Bush conversará hoje com o premiê italiano, Silvio Berlusconi, na Casa Branca, e exporá sua posição sobre a crise iraquiana. Berlusconi apóia a atitude dos EUA em relação a Saddam. Amanhã, o presidente dos EUA se reúne com Tony Blair, premiê britânico. Além disso, Bush falará, por telefone, com diversos líderes políticos internacionais e enviará funcionários de sua administração a vários países para explicar a posição americana.
O Pentágono admitiu que há militares dos EUA no norte do Iraque (trabalhando com curdos iraquianos), mas disse que seu número "não é significativo".


Com agências internacionais


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