DA REDAÇÃO

O premiê israelense, Ariel Sharon, vai começar as negociações para a composição de seu novo governo dando prioridade à formação de aliança de "união nacional" com o Partido Trabalhista (centro-esquerda).
O Likud, partido de Sharon, teve uma vitória esmagadora nas eleições de anteontem, passando de 19 para 37 cadeiras no Parlamento (de 120). Os trabalhistas tiveram sua bancada reduzida de 26 para 19. O premiê terá dificuldades para compor o governo.
O líder trabalhista, Amram Mitzna, se nega a aderir a uma coalizão encabeçada por Sharon. A segunda opção do premiê deve ser tentar atrair o Shinui, partido secular de centro que cresceu de 6 para 15 cadeiras. A idéia seria formar uma maioria apertada incluindo o Shinui e partidos de direita. Tal formação, porém, desagrada a Tommy Lapid, líder do Shinui. "Certamente não aceitaremos ser o flanco esquerdo de um governo direitista", disse ele.
Sharon tenta forjar uma coalizão ampla em busca de estabilidade para fazer frente ao conflito com os palestinos, à crise econômica e a uma possível guerra no Iraque. Rejeita costurar uma coalizão com a direita nacionalista e os religiosos (que perderam poder no pleito de anteontem), formação que obteria com facilidade mas que lhe traria dificuldades no plano doméstico e externo.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, disse ontem estar disposto a se encontrar com Sharon imediatamente e a retomar negociações para encerrar o conflito.
O premiê reeleito se nega a dialogar com o líder palestino, a quem acusa de patrocinar o terrorismo. Indagado numa entrevista ao Canal 10 israelense se aceitaria conversar com Sharon após a sua vitória, Arafat respondeu: "Esta noite! Se ele estiver pronto, estou pronto". Em resposta, comunicado do escritório de Sharon disse que Arafat "não é nem será um parceiro nas negociações".
Israel anunciou que Sharon se encontrará com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, após montada a coalizão. Seria o primeiro encontro entre eles desde a posse do premiê, em março de 2001. O líder israelense foi felicitado ontem pelo presidente dos EUA, George W. Bush, por telefone. O porta-voz da Casa Branca disse que Bush "falou sobre a importância de uma paz justa e duradoura no Oriente Médio".