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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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VIZNHO EM CRISE

Decisão é mais um sinal de enfraquecimento da paralisação contra Chávez iniciada no dia 2 de dezembro

Bancos decidem encerrar greve na Venezuela

Andrés Leighton/Associated Press
Chávez faz saudação durante encontro com atletas em Caracas


DA REDAÇÃO

Em mais um sinal de enfraquecimento da greve geral contra o presidente Hugo Chávez, iniciada há quase dois meses, os bancos privados venezuelanos decidiram ontem voltar a abrir em horário normal a partir de segunda-feira. Desde o início da paralisação, em 2 de dezembro, as agências bancárias vinham abrindo durante apenas três horas por dia.
A decisão foi tomada após Chávez ter ameaçado multar os bancos, suspender seus diretores e tirar os depósitos das Forças Armadas das instituições em greve.
A oposição, que pretendia, com a greve, forçar Chávez a renunciar ou convocar eleições antecipadas, já vem discutindo a possibilidade de flexibilizar a paralisação também em outros setores, como escolas e indústrias alimentícias.
Mas a possibilidade de levantamento parcial da greve geral não é consenso entre os membros da Coordenação Democrática (associação de partidos e organizações de oposição a Chávez).
"O levantamento da greve não está sendo proposto", disse Carlos Ortega, presidente da CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela). "O que estamos propondo são algumas estratégias para os setores que estão em greve", disse.
Os líderes grevistas dizem que concentrarão seus esforços na paralisação da PDVSA, a gigante estatal do petróleo. A Venezuela é o quinto maior produtor mundial de petróleo, produto que responde por cerca de 80% de suas exportações.
Mas os próprios grevistas admitem que Chávez está, aos poucos, conseguindo retomar o controle sobre a empresa. A produção de petróleo ultrapassou anteontem 1 milhão de barris por dia, após ter baixado a 150 mil no início da greve. Porém a produção ainda está muito aquém do normal. Em novembro, antes da paralisação, o país produziu uma média de 3,2 milhões de barris diários.
O governo vem conseguindo retomar a produção de petróleo graças à convocação de funcionários aposentados, militares e técnicos estrangeiros para substituir os grevistas. Além disso, o governo demitiu cerca de 5.000 dos 40 mil funcionários da PDVSA e a dividiu em duas, para facilitar o controle.
Os grevistas da companhia exigem, além de eleições antecipadas, a reincorporação dos funcionários demitidos para voltar ao trabalho.

Crise
Apesar da ligeira retomada na produção de petróleo, o país ainda sofre graves consequências econômicas da paralisação, que vem provocando desabastecimento. O governo calcula em US$ 4 bilhões as perdas com a greve até agora. O banco Santander Central Hispano previu uma contração de até 40% do PIB (Produto Interno Bruto) do país no primeiro trimestre deste ano. No ano passado, o PIB da Venezuela já havia caído cerca de 8%.
O governo anunciou anteontem a extensão da suspensão do mercado cambial, que venceria ontem, por mais uma semana. Anunciada na semana passada, a medida tem como objetivo proteger o valor da moeda local, o bolívar, que já caiu 25% em relação ao dólar desde o início do ano.
Ainda assim, a queda da moeda continuou acentuada no mercado negro. Cada dólar era vendido ontem por 2.300 bolívares. Na semana passada, antes da suspensão, o câmbio oficial era de 1.853 bolívares por dólar.

Com agências internacionais


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