São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 1999

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INDONÉSIA
Xanana Gusmão, preso em Jacarta, pede confisco de armas antes de independência
Líder rebelde propõe desarmar Timor

das agências internacionais

O líder do movimento pró-independência de Timor Leste, Xanana Gusmão, afirmou ontem esperar que a Indonésia promova o desarmamento da região antes de conceder independência à ex-colônia portuguesa.
"A Indonésia deve começar desarmando as pessoas. Depois deve diminuir suas tropas e fazer um acordo de cessar-fogo", afirmou a jornalistas na prisão de Cipinang, em Jacarta (capital), onde cumpre pena de 20 anos por atividades ligadas à militância separatista.
Essas foram as primeiras declarações de Xanana em reação ao anúncio do governo indonésio, esta semana, de que estaria disposto a conceder a independência a Timor Leste caso a população local rejeite oferta de autonomia.
Sobre a perspectiva de independência, ele disse: "Antes tarde do que nunca".
O chanceler da Indonésia, Ali Alatas, disse na última quarta-feira que o governo deve transferir Xanana Gusmão do cárcere para prisão domiciliar.
Muitos timorenses temem a explosão da violência em caso de retirada das tropas indonésias -que ocupam a região desde 1975. A ocupação é condenada pela ONU.
Milícias pró-Indonésia já entraram em confronto com grupos favoráveis à independência. Pelo menos 50 pessoas morreram nos choques nos últimos seis meses.
Segundo a Comissão de Direitos Humanos da ONU, mais de 200 mil pessoas morreram desde 1975 por questões políticas em Timor Leste. Cerca de 6.000 pessoas pediram refúgio esta semana na igreja católica de Suai (em Timor), temendo o aumento da violência.
Grupos de direitos humanos que atuam em Timor dizem que o Exército indonésio arma e incentiva as milícias pró-Jacarta.



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