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ÁSIA
Coreanas foram raptadas na 2ª Guerra
Japão anula reparação a ex-escravas sexuais
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O Tribunal Superior de
Hiroshima anulou ontem uma
sentença histórica, de 1998, que
obrigava o governo japonês a indenizar três sul-coreanas utilizadas como escravas sexuais durante a Segunda Guerra Mundial.
O tribunal alegou que o pagamento desse tipo de reparação é
uma questão que compete exclusivamente ao Parlamento, não à
Justiça.
Três anos atrás, um juiz de Yamaguchi, numa decisão inédita,
ordenou que o governo japonês
pagasse US$ 2.272 a cada uma das
três sul-coreanas, mas elas apelaram da decisão, alegando que o
valor era insignificante.
As três disseram, no processo,
que foram confinadas em bordéis
em Taiwan e Xangai e obrigadas a
manter relações sexuais com os
soldados japoneses durante vários anos. Elas tinham, na época,
em torno de 20 anos.
O Tribunal Superior de
Hiroshima reconheceu que as três
mulheres ficaram traumatizadas
por causa dos abusos cometidos
pelo Exército imperial japonês,
mas ressaltou que a atual Constituição do país não exige que o Estado peça perdão ou pague indenizações a vítimas de crimes ocorridos no passado.
Em 1992, o Japão reconheceu
oficialmente que seu Exército
raptou cerca de 200 mil coreanas e
chinesas, enviadas às linhas de batalha na China para satisfazer sexualmente os soldados japoneses.
Em 1993, o Japão apresentou
um pedido de desculpas às chamadas "comfort women" (mulheres que ofereciam conforto).
Mas o governo se recusa a conceder indenizações individuais, alegando que o caso foi resolvido e
sepultado pelos acordos que puseram fim à guerra.
O Japão criou um fundo financeiro, em 1995, para dar assistência às vítimas de abusos sexuais e
enviou uma carta pedindo desculpas às ex-escravas. Quase todas as cartas forma devolvidas.
Um porta-voz do governo japonês disse ontem que a decisão do
Tribunal Superior de Hiroshima
confirma a visão das autoridades.
As sul-coreanas reagiram com
indignação. "Eu odeio os japoneses", disse Pak Du-ri, 76. Seu advogado disse que vai recorrer da
decisão na Suprema Corte.
O caso das três sul-coreanas,
uma das quais morreu no ano
passado, faz parte de um processo
mais amplo movido com outras
sete mulheres da Coréia do Sul
obrigadas a trabalhar em fábricas
de munição no Japão durante a
Segunda Guerra Mundial. O valor
total da indenização pedida pelas
dez mulheres é de US$ 4,2 milhões.
A negativa do governo japonês
em compensar as ex-escravas
sempre foi um assunto polêmico
nas relações diplomáticas entre o
Japão e os países onde as mulheres foram raptadas -Coréia, China e Taiwan.
Tanto a Coréia como Taiwan
decidiram, alguns anos atrás, pagar uma indenização às vítimas
dos soldados japoneses.
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