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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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Livro explica política no mundo globalizado

DA REDAÇÃO

Antonio Negri passou a ser um dos nomes mais populares entre os integrantes do movimento antiglobalização desde que lançou "Império" (editora Record) em 2000, livro escrito em parceria com o professor de literatura norte-americano Michael Hardt.
Ele está preso desde 1997 em Roma, em regime semi-aberto, acusado de ser o mentor do grupo terrorista Brigadas Vermelhas e de ter planejado o assassinato do deputado Aldo Moro, em 1978.
O filósofo italiano teve seu livro descrito pelo "New York Times" como "a primeira grande síntese teórica do novo milênio".
"Império" trata da estrutura política que sustenta o mundo globalizado, numa organização que "eliminou conceitos de nação, raça, etnia e povo", como afirma Negri. Os Estados-nações não têm mais controle sobre movimentos de capital ou lutas sociais.
A nova configuração política, o império, não tem limites nem está atrelada à busca pela expansão do Estado-nação.
Ela regula trocas econômicas e culturais num sistema em que a soberania se baseia na construção de caminhos para novos fluxos mundiais, criadores da vida social, numa inter-relação entre o econômico, o político e o cultural.
"Estamos numa situação paradoxal na qual o presidente dos EUA é eleito com financiamento do exterior: o capital dos senhores do petróleo sauditas está tão integrado à direção dos negócios americanos que não se pode mais afirmar que o Estado-nação ainda funciona", diz o escritor.
Império, portanto, não trata de imperialismo -e aí reside o que Negri classifica de "confusão" em relação ao uso que tem sido feito de suas idéias para embasar alguns dos pilares do pensamento da esquerda mundial -como o antiamericanismo.
"Ser antiamericano é uma idiotice total. O governo americano é o mais importante dos poderes a ser contestados, mas não é o único. Não existiria se as outras classes dirigentes do capitalismo mundial não lhe dessem apoio incondicional", afirma.

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