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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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Derrota de Murphy tornam EUA indiferentes

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Com o candidato liberal López Murphy fora da disputa no segundo turno na Argentina, os EUA vêm se mostrando indiferentes ao resultado da eleição.
Segundo funcionários do Departamento de Estado ouvidos pela Folha, o mais importante para a Argentina é o retorno à "tranquilidade política". Qualquer que seja o vencedor, avaliam eles, as escolhas que terão no campo político e econômico após o turbilhão dos últimos meses serão extremamente limitadas.
Carlos Menem, que já declarou "relações carnais" com os EUA, é considerado um bom candidato no sentido de poder ajudar a pressionar o Brasil, via Mercosul, a aceitar mais facilmente as condições americanas para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Pesam contra ele, no entanto, as denúncias de corrupção. Menem ainda tem apoio, mas representa, disse um funcionário, "um exemplo de política ultrapassada".
No Departamento de Estado, assim como em outros organismos financeiros em Washington, a avaliação é que o pior já passou em relação à economia argentina.
Espera-se também que o exemplo das medidas ortodoxas adotadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil sirvam de lição para outros países.
Nesse sentido, Néstor Kirchner -com um discurso à esquerda e antagônico ao mercado financeiro- não é visto como ameaça.
Segundo um funcionário que cuida especificamente da região, vários candidatos na América Latina, inclusive Lula, "se elegeram com um discurso e acabaram adotando outro na prática".
A favor de Kirchner pesa o fato de ser apadrinhado do presidente argentino. Embora Eduardo Duhalde seja considerado populista nos EUA, teve reconhecido o mérito de levar o país a uma eleição após meses de instabilidade.
Nesse sentido, Kirchner representaria, segundo a visão americana, a continuidade. O fato de ter rejeição menor do que a de Menem também o ajudaria na tarefa de consolidar o quadro político.


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