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CASO AMIA
Santos ficará em liberdade; ele deu informações inventadas sobre atentado que matou 85 em 1994
Brasileiro é condenado por falso testemunho
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O brasileiro Wilson dos Santos,
que era acusado de envolvimento
no atentado contra Amia (Associação Mutual Israelita da Argentina), em 1994, foi condenado ontem pela Justiça argentina por falso testemunho.
Apesar da condenação, ele foi
colocado em liberdade por ter
cumprido parte da pena. Ele deve
voltar ao Brasil em 30 dias. Santos
foi preso em março de 2000 na
Suíça, e em dezembro do mesmo
ano foi extraditado para a Argentina. Em 1994, ele conseguiu fugir
da Justiça argentina e chegou a ser
detido no Brasil anos depois. Mas
desapareceu de novo.
Dias antes do atentado, que matou dez 85 pessoas, Santos foi aos
consulados argentino, brasileiro e
israelense em Milão para advertir
sobre o risco de atentado contra
alvos judaicos em Buenos Aires.
Posteriormente, em depoimentos feitos à Polícia Federal argentina, disse conhecer os autores dos
ataques e forneceu outros dados.
Segundo a Justiça, todas essas
informações foram inventadas,
conforme o próprio réu assume.
Em entrevista à Folha, Santos
disse não saber nada sobre os
atentados. "Gostaria de saber
mais para poder esclarecer tudo."
Ao sair da sede do Tribunal de
Justiça de Buenos Aires, Santos
afirmou que sua liberdade foi
conseguida graças aos seus advogados. "O governo brasileiro não
fez nada juridicamente, se apartou da causa e me tratou apenas
como um brasileiro preso no exterior", disse Santos. Ele acrescentou que se considera de alguma
forma um preso político. "Poderia dizer que sim, porque é a única
explicação para ter ficado preso
por um falso testemunho por três
anos e oito meses".
A Justiça argentina está preparando um pedido internacional
de captura de líderes islâmicos
acusados de envolvimento no
atentado à Amia. Além desse
atentado, outra contra a Embaixada de Israel, em 1992, matou 29.
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