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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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CASO AMIA

Santos ficará em liberdade; ele deu informações inventadas sobre atentado que matou 85 em 1994

Brasileiro é condenado por falso testemunho

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O brasileiro Wilson dos Santos, que era acusado de envolvimento no atentado contra Amia (Associação Mutual Israelita da Argentina), em 1994, foi condenado ontem pela Justiça argentina por falso testemunho.
Apesar da condenação, ele foi colocado em liberdade por ter cumprido parte da pena. Ele deve voltar ao Brasil em 30 dias. Santos foi preso em março de 2000 na Suíça, e em dezembro do mesmo ano foi extraditado para a Argentina. Em 1994, ele conseguiu fugir da Justiça argentina e chegou a ser detido no Brasil anos depois. Mas desapareceu de novo.
Dias antes do atentado, que matou dez 85 pessoas, Santos foi aos consulados argentino, brasileiro e israelense em Milão para advertir sobre o risco de atentado contra alvos judaicos em Buenos Aires.
Posteriormente, em depoimentos feitos à Polícia Federal argentina, disse conhecer os autores dos ataques e forneceu outros dados.
Segundo a Justiça, todas essas informações foram inventadas, conforme o próprio réu assume.
Em entrevista à Folha, Santos disse não saber nada sobre os atentados. "Gostaria de saber mais para poder esclarecer tudo."
Ao sair da sede do Tribunal de Justiça de Buenos Aires, Santos afirmou que sua liberdade foi conseguida graças aos seus advogados. "O governo brasileiro não fez nada juridicamente, se apartou da causa e me tratou apenas como um brasileiro preso no exterior", disse Santos. Ele acrescentou que se considera de alguma forma um preso político. "Poderia dizer que sim, porque é a única explicação para ter ficado preso por um falso testemunho por três anos e oito meses".
A Justiça argentina está preparando um pedido internacional de captura de líderes islâmicos acusados de envolvimento no atentado à Amia. Além desse atentado, outra contra a Embaixada de Israel, em 1992, matou 29.


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