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Obama recebe desertor republicano acenando com "sexto mandato"
Saída de Specter reflete crise na oposição; 100º dia do governo tem intensa agenda pública
DA REDAÇÃO
O presidente americano, Barack Obama, agradeceu ontem
pessoalmente ao senador Arlen
Specter, que trocou o Partido
Republicano pelo Democrata,
deixando o governo a um passo
da "supermaioria" -60 das 100
cadeiras, o que impede manobras regimentais da oposição
para emperrar votações.
Specter, que contrariou o ex-partido ao votar a favor do pacote de estímulo econômico de
Obama, admitiu que a mudança foi motivada pelo desejo de
voltar ao Senado para um sexto
mandato nas eleições de 2010.
A saída reflete o crescente desconforto dos republicanos moderados, que apontam um
avanço à direita da legenda.
"Não estou preparado para
que meu histórico de 29 anos
no Senado dos EUA seja julgado pelo eleitorado das primárias republicanas", afirmou
Specter, 79. Pesquisas indicam
que ele seria derrotado nas primárias que determinam os candidatos do partido para 2010.
"Estamos confiantes que Arlen Specter terá um sexto mandato", disse Obama, após receber o senador na Casa Branca.
O 100º dia do governo foi marcado por intensa agenda pública, que incluiu discurso em
Missouri, Meio-Oeste, e entrevista coletiva à noite. Obama
abriria a coletiva com referências à gripe suína, "monitorada
de perto", e ao pacote de estímulo, segundo trechos divulgados pela Casa Branca.
A adesão de Specter, anunciada anteontem, coroou a data
simbólica. A "supermaioria" no
Senado depende agora da Suprema Corte de Minnesota,
que, segundo analistas, deve
confirmar em junho a vitória
do democrata Al Franken.
Specter afirmou que seu status de veterano será reconhecido, o que lhe permitiria passar à
frente de vários democratas
nos quadros do partido após as
eleições de 2010.
A deserção, articulada pelo
vice-presidente Joe Biden, é alvo de críticas contundentes entre dirigentes republicanos.
"Specter saiu para perseguir
seus próprios interesses políticos pessoais, pois sabia que
perderia as primárias republicanas devido a seu histórico de
votação esquerdista", atacou o
presidente do Comitê Nacional
Republicano, Michael Steele.
O senador, que foi filiado ao
Partido Democrata entre 1948
e 1965, é a favor do aborto e se
opôs à emenda de veto ao casamento homossexual, defendida
pela linha dura do partido.
Mas o apoio à Guerra do Iraque e o desafio a propostas governistas, como a da reforma
trabalhista pró-sindicatos,
atualmente em discussão, tornam Specter um nome controverso entre os democratas.
A senadora Olympia Snowe,
um dos três republicanos que
apoiou o pacote de estímulo,
culpa a hostilidade aos moderados pela retração do Partido
Republicano, que perdeu em
dezembro a Presidência, o
Congresso e a maior parte dos
50 governos estaduais.
Com o "New York Times" e agências internacionais
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