São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Obama recebe desertor republicano acenando com "sexto mandato"

Saída de Specter reflete crise na oposição; 100º dia do governo tem intensa agenda pública

DA REDAÇÃO

O presidente americano, Barack Obama, agradeceu ontem pessoalmente ao senador Arlen Specter, que trocou o Partido Republicano pelo Democrata, deixando o governo a um passo da "supermaioria" -60 das 100 cadeiras, o que impede manobras regimentais da oposição para emperrar votações.
Specter, que contrariou o ex-partido ao votar a favor do pacote de estímulo econômico de Obama, admitiu que a mudança foi motivada pelo desejo de voltar ao Senado para um sexto mandato nas eleições de 2010. A saída reflete o crescente desconforto dos republicanos moderados, que apontam um avanço à direita da legenda.
"Não estou preparado para que meu histórico de 29 anos no Senado dos EUA seja julgado pelo eleitorado das primárias republicanas", afirmou Specter, 79. Pesquisas indicam que ele seria derrotado nas primárias que determinam os candidatos do partido para 2010.
"Estamos confiantes que Arlen Specter terá um sexto mandato", disse Obama, após receber o senador na Casa Branca. O 100º dia do governo foi marcado por intensa agenda pública, que incluiu discurso em Missouri, Meio-Oeste, e entrevista coletiva à noite. Obama abriria a coletiva com referências à gripe suína, "monitorada de perto", e ao pacote de estímulo, segundo trechos divulgados pela Casa Branca.
A adesão de Specter, anunciada anteontem, coroou a data simbólica. A "supermaioria" no Senado depende agora da Suprema Corte de Minnesota, que, segundo analistas, deve confirmar em junho a vitória do democrata Al Franken.
Specter afirmou que seu status de veterano será reconhecido, o que lhe permitiria passar à frente de vários democratas nos quadros do partido após as eleições de 2010.
A deserção, articulada pelo vice-presidente Joe Biden, é alvo de críticas contundentes entre dirigentes republicanos.
"Specter saiu para perseguir seus próprios interesses políticos pessoais, pois sabia que perderia as primárias republicanas devido a seu histórico de votação esquerdista", atacou o presidente do Comitê Nacional Republicano, Michael Steele.
O senador, que foi filiado ao Partido Democrata entre 1948 e 1965, é a favor do aborto e se opôs à emenda de veto ao casamento homossexual, defendida pela linha dura do partido.
Mas o apoio à Guerra do Iraque e o desafio a propostas governistas, como a da reforma trabalhista pró-sindicatos, atualmente em discussão, tornam Specter um nome controverso entre os democratas.
A senadora Olympia Snowe, um dos três republicanos que apoiou o pacote de estímulo, culpa a hostilidade aos moderados pela retração do Partido Republicano, que perdeu em dezembro a Presidência, o Congresso e a maior parte dos 50 governos estaduais.

Com o "New York Times" e agências internacionais



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