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GUERRA SEM LIMITES
Naquele ano, Itália gravou diálogo de suspeitos da Al Qaeda sobre um grande atentado, uso de aviões e os EUA
Fita de 2000 sugere plano do 11 de setembro
DA REDAÇÃO
A polícia italiana gravou conversas entre dois militantes islâmicos supostamente pertencentes à rede terrorista Al Qaeda nos
13 meses que antecederam os
atentados de 11 de setembro. Nas
fitas, eles fazem referências a planos de ataques envolvendo
aviões, aeroportos e os EUA.
Trechos desses diálogos foram
publicados pelo diário milanês
"Corriere della Sera" e pelo americano "Los Angeles Times". Segundo autoridades dos EUA, as
duas pessoas -o xeque do Iêmen
Abdulsalam Abdulrahman e Abdelkader Mahmoud Es Sayed, líder de uma mesquita de Milão -
teriam ligações com a rede liderada pelo saudita Osama bin Laden.
Es Sayed, que tem cidadania
egípcia, deixou a Itália dois meses
antes dos ataques -possivelmente para o Afeganistão. Funcionários dos serviços de inteligência americanos acreditam que
ele tenha sido organizador de
uma célula da Al Qaeda em Milão.
Um relatório das investigações
da polícia italiana diz haver "vários elementos interessantes sobre o relacionamento de Es Sayed
com células na Alemanha e nos
EUA". Mohammed Atta, suposto
líder dos sequestradores dos
aviões usados na ação, tinha base
em Hamburgo (Alemanha).
Em conversa gravada em 16 de
agosto de 2000 no carro de Es Sayed, que acabara de buscar o iemenita no aeroporto de Bolonha,
o xeque diz que o ataque seria
"desses que nunca são esquecidos". "Será algo aterrorizante, repercutirá de sul a norte, de leste a
oeste. Aquele que fez esse plano é
um homem louco de hospício,
mas um gênio. Ele tem fixação
por esse programa; todos vão virar gelo com ele."
Massimo Mazza, chefe da unidade de combate ao terrorismo de
Milão, confirmou a autenticidade
das conversas. Seu escritório entregou a transcrição das fitas há
poucos dias ao promotor Stefano
Dambruoso, responsável pelos
processos no país contra integrantes da Al Qaeda.
Na transcrição de uma conversa
de janeiro de 2001 entre o clérigo
baseado em Milão e um tunisiano
posteriormente preso na Itália, há
uma discussão sobre o uso de documentos falsos. "Eles [os documentos" são necessários para
nossos irmãos que irão aos
EUA?", indaga o tunisiano. "Jamais repita essas palavras! Nem
mesmo de brincadeira", adverte
Es Sayed. "Se for necessário, em
qualquer lugar que seja, venha e
fale ao meu ouvido, porque essas
coisas são muito importantes.
Você deve saber (...) que este plano é muito, muito secreto. É como
se você estivesse protegendo a segurança do Estado."
Mazza disse que, antes de 11 de
setembro, os investigadores tinham poucas pistas sobre a que
eles se referiam. "Depois do que
aconteceu, agora fica fácil tirar
conclusões."
Segundo ele, os grampos foram
colocados nos locais em que os
suspeitos se encontravam e não
em linhas telefônicas. Isso dificultou o trabalho das autoridades,
que gastavam tempo limpando os
ruídos e traduzindo as fitas.
O FBI (polícia federal americana) -alvo de críticas atualmente
pela forma como lidou com alertas que poderiam ter evitado os
atentados- ajudou os especialistas italianos a decifrarem o teor
das conversas, de acordo com o
"Corriere della Sera".
Autoridades do FBI e do Departamento da Justiça disseram que
estudariam as transcrições das fitas. Um alto funcionário disse ao
"LA Times" acreditar que um pequeno número de agentes dos
EUA já conhecia o teor das fitas.
Com agências internacionais
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