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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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Bush vai à Europa e ao Oriente Médio

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, George W. Bush, começa hoje uma visita a seis países em sete dias. Na bagagem, dois objetivos declarados: remendar os estragos diplomáticos com a Europa e a Rússia e incentivar um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
O conteúdo da viagem, no entanto, deve reforçar as posições americanas de antes e de depois da guerra no Iraque e servir aos planos imediatos de Bush na economia e na política domésticas.
Bush inicia e termina o giro em locais simbólicos. Começa pela Polônia, que, ao contrário de seus principais aliados europeus, apoiou a invasão do Iraque, e deve terminar saudando tropas em Qatar -há rumores de que possa aproveitar e ir ao Iraque.
No meio do caminho, visita rapidamente a Rússia e passa pela cúpula do G8 (os sete países mais ricos e a Rússia), na França.
Embora vá se reunir pela primeira vez durante algumas horas com muitos dos líderes que se opuseram à guerra -como o francês Jacques Chirac e o alemão Gerard Schröder-, Bush não vai ficar para o jantar oficial nem para a assinatura de ações conjuntas ao final do encontro.
Apesar da retórica, a demonstração de boa vontade que Bush vem dando a esses países depois da guerra tem sido interpretada mais como uma preocupação com a economia dos EUA do que como um autêntico perdão.
Nesse sentido, analistas afirmam também que o verdadeiro troco americano aos europeus já está sendo dado. A acentuada desvalorização do dólar em relação ao euro, incentivada pelos EUA, deverá impulsionar os negócios americanos, via exportações, em detrimento, principalmente, do crescimento europeu.
Com uma eleição no horizonte, Bush quer acelerar a economia e ganhar estatura no plano político. As próximas paradas, no Egito e na Jordânia, pretendem cumprir esse segundo objetivo.
No resort egípcio de Sharm el Sheik, Bush vai usar o cacife conquistado na vitória fulminante contra Saddam Hussein para tentar convencer os líderes jordanianos, sauditas, egípcios e palestinos a se atirarem em uma genuína guerra contra o terrorismo.
Para Bush, interessa não apenas sufocar o quanto possível atividades terroristas no Oriente Médio, como mostrar ao público americano uma posição ativa e, se possível, de liderança na região.
O presidente americano pretende reforçar essa percepção promovendo o primeiro encontro entre os premiês de Israel, Ariel Sharon, e palestino, Abu Mazen, na busca de uma acordo de paz.
A reunião se dará na penúltima etapa da viagem, na Jordânia, e procurará atender também a uma demanda do Reino Unido, hoje o principal aliado dos EUA.
Bush também pretende usar a carta da vitória no Iraque para empurrar um acordo cujas últimas tentativas se mostraram infrutíferas. O ex-presidente Bill Clinton, por exemplo, viajou seis vezes ao Oriente Médio e promoveu quatro encontros de cúpula que resultaram em fracassos.
De volta aos EUA, Bush deverá, daqui para a frente, dedicar-se cada vez mais à sua reeleição.


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