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Bush vai à Europa e ao Oriente Médio
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente dos EUA, George
W. Bush, começa hoje uma visita
a seis países em sete dias. Na bagagem, dois objetivos declarados:
remendar os estragos diplomáticos com a Europa e a Rússia e incentivar um acordo de paz entre
israelenses e palestinos.
O conteúdo da viagem, no entanto, deve reforçar as posições
americanas de antes e de depois
da guerra no Iraque e servir aos
planos imediatos de Bush na economia e na política domésticas.
Bush inicia e termina o giro em
locais simbólicos. Começa pela
Polônia, que, ao contrário de seus
principais aliados europeus,
apoiou a invasão do Iraque, e deve terminar saudando tropas em
Qatar -há rumores de que possa
aproveitar e ir ao Iraque.
No meio do caminho, visita rapidamente a Rússia e passa pela
cúpula do G8 (os sete países mais
ricos e a Rússia), na França.
Embora vá se reunir pela primeira vez durante algumas horas
com muitos dos líderes que se
opuseram à guerra -como o
francês Jacques Chirac e o alemão
Gerard Schröder-, Bush não vai
ficar para o jantar oficial nem para
a assinatura de ações conjuntas ao
final do encontro.
Apesar da retórica, a demonstração de boa vontade que Bush
vem dando a esses países depois
da guerra tem sido interpretada
mais como uma preocupação
com a economia dos EUA do que
como um autêntico perdão.
Nesse sentido, analistas afirmam também que o verdadeiro
troco americano aos europeus já
está sendo dado. A acentuada
desvalorização do dólar em relação ao euro, incentivada pelos
EUA, deverá impulsionar os negócios americanos, via exportações, em detrimento, principalmente, do crescimento europeu.
Com uma eleição no horizonte,
Bush quer acelerar a economia e
ganhar estatura no plano político.
As próximas paradas, no Egito e
na Jordânia, pretendem cumprir
esse segundo objetivo.
No resort egípcio de Sharm el
Sheik, Bush vai usar o cacife conquistado na vitória fulminante
contra Saddam Hussein para tentar convencer os líderes jordanianos, sauditas, egípcios e palestinos a se atirarem em uma genuína
guerra contra o terrorismo.
Para Bush, interessa não apenas
sufocar o quanto possível atividades terroristas no Oriente Médio,
como mostrar ao público americano uma posição ativa e, se possível, de liderança na região.
O presidente americano pretende reforçar essa percepção promovendo o primeiro encontro entre os premiês de Israel, Ariel
Sharon, e palestino, Abu Mazen,
na busca de uma acordo de paz.
A reunião se dará na penúltima
etapa da viagem, na Jordânia, e
procurará atender também a uma
demanda do Reino Unido, hoje o
principal aliado dos EUA.
Bush também pretende usar a
carta da vitória no Iraque para
empurrar um acordo cujas últimas tentativas se mostraram infrutíferas. O ex-presidente Bill
Clinton, por exemplo, viajou seis
vezes ao Oriente Médio e promoveu quatro encontros de cúpula
que resultaram em fracassos.
De volta aos EUA, Bush deverá,
daqui para a frente, dedicar-se cada vez mais à sua reeleição.
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