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Tropas americanas
vão ficar mais tempo
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O governo americano vai estender a permanência, no Iraque, de
tropas que deveriam ter iniciado
sua retirada. O motivo da decisão
é a falta de segurança no país
-ontem, mais um soldado dos
EUA foi morto após ter sido atacado por uma granada.
Em vez da volta para casa, como
previsto inicialmente, o plano para a 3ª Divisão de Infantaria, responsável pela tomada de Bagdá, em 9 de abril, prevê agora deslocar seus militares para regiões
ainda não controladas pelos EUA.
A informação, divulgada a partir de Bagdá pelo jornal "The New
York Times", foi confirmada ontem no Pentágono pela TV CNN.
Não houve anúncio oficial.
Há cerca de 160 mil militares
dos EUA e do Reino Unido hoje
no Iraque. Com as tropas de suporte estacionadas no Kuait, o total sobe para cerca de 250 mil.
Tal número foi motivo de debate no Pentágono antes da guerra.
Ao dizer que o país deveria manter "centenas de milhares" de soldados no Iraque após a guerra, um general americano foi criticado no Departamento da Defesa.
No plano inicial do Pentágono,
as forças americanas no país seriam 70 mil pessoas em setembro,
na pior hipótese.
Evidentemente, manter tropas no Iraque por mais tempo aumenta o custo inicialmente planejado para a guerra, o que corrobora críticas feitas anteriormente ao planejamento americano. O economista William Nordhaus, da
Universidade Yale, autor de um
dos mais citados estudos sobre o
conflito, havia chamado a atenção
para o fato de que o governo estava subestimando o pós-guerra.
Além disso, a permanência de
grande número de soldados americanos no Iraque é motivo de reclamação no mundo árabe.
A extensão da permanência das
tropas provocou contrariedade
entre os soldados -alguns deles
já estão há nove meses na região.
Além disso, houve reclamações
de que o batalhão que tomou Bagdá sofreu danos que ainda não foram reparados.
Mas, segundo o "Times", além
de manter o grupo no Iraque, o
Pentágono estuda mandar ainda
mais gente ao país -engenheiros
e unidades de inteligência.
Ontem, em Bagdá, o general
David McKiernan, responsável
pelas tropas da coalizão no Iraque, disse ver os ataques a seus
soldados com atos de combate e
não ações criminosas. "A guerra
não terminou. Foi reduzido o número de operações militares, mas
os choques que tivemos foram
combates", disse.
O ataque de ontem ocorreu a
cerca de 40 km de Bagdá, em uma
estrada ao norte da capital iraquiana. Com mais essa baixa, o
total de soldados mortos só nesta
semana chega a nove.
Também ontem, dois civis iraquianos foram mortos e dois ficaram feridos a tiros por soldados
americanos num posto de controle de Samarra, centro do Iraque.
Segundo o Comando Central
dos EUA, as vítimas estavam num
carro que vinha na direção dos
soldados e ignorou tiros de advertência para que parasse.
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