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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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Tropas americanas vão ficar mais tempo

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O governo americano vai estender a permanência, no Iraque, de tropas que deveriam ter iniciado sua retirada. O motivo da decisão é a falta de segurança no país -ontem, mais um soldado dos EUA foi morto após ter sido atacado por uma granada.
Em vez da volta para casa, como previsto inicialmente, o plano para a 3ª Divisão de Infantaria, responsável pela tomada de Bagdá, em 9 de abril, prevê agora deslocar seus militares para regiões ainda não controladas pelos EUA.
A informação, divulgada a partir de Bagdá pelo jornal "The New York Times", foi confirmada ontem no Pentágono pela TV CNN. Não houve anúncio oficial.
Há cerca de 160 mil militares dos EUA e do Reino Unido hoje no Iraque. Com as tropas de suporte estacionadas no Kuait, o total sobe para cerca de 250 mil.
Tal número foi motivo de debate no Pentágono antes da guerra. Ao dizer que o país deveria manter "centenas de milhares" de soldados no Iraque após a guerra, um general americano foi criticado no Departamento da Defesa.
No plano inicial do Pentágono, as forças americanas no país seriam 70 mil pessoas em setembro, na pior hipótese.
Evidentemente, manter tropas no Iraque por mais tempo aumenta o custo inicialmente planejado para a guerra, o que corrobora críticas feitas anteriormente ao planejamento americano. O economista William Nordhaus, da Universidade Yale, autor de um dos mais citados estudos sobre o conflito, havia chamado a atenção para o fato de que o governo estava subestimando o pós-guerra.
Além disso, a permanência de grande número de soldados americanos no Iraque é motivo de reclamação no mundo árabe.
A extensão da permanência das tropas provocou contrariedade entre os soldados -alguns deles já estão há nove meses na região. Além disso, houve reclamações de que o batalhão que tomou Bagdá sofreu danos que ainda não foram reparados.
Mas, segundo o "Times", além de manter o grupo no Iraque, o Pentágono estuda mandar ainda mais gente ao país -engenheiros e unidades de inteligência.
Ontem, em Bagdá, o general David McKiernan, responsável pelas tropas da coalizão no Iraque, disse ver os ataques a seus soldados com atos de combate e não ações criminosas. "A guerra não terminou. Foi reduzido o número de operações militares, mas os choques que tivemos foram combates", disse.
O ataque de ontem ocorreu a cerca de 40 km de Bagdá, em uma estrada ao norte da capital iraquiana. Com mais essa baixa, o total de soldados mortos só nesta semana chega a nove.
Também ontem, dois civis iraquianos foram mortos e dois ficaram feridos a tiros por soldados americanos num posto de controle de Samarra, centro do Iraque.
Segundo o Comando Central dos EUA, as vítimas estavam num carro que vinha na direção dos soldados e ignorou tiros de advertência para que parasse.


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