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Agora é a vez de os palestinos agirem, diz chanceler
JULIO DE LA GUARDIA
DO "EL PAÍS", EM JERUSALÉM
O chanceler israelense, Silvan
Shalom, afirma que Israel já fez a
sua parte, ao reconhecer a criação
de um Estado palestino, conforme prevê o novo plano de paz.
Agora é a vez do premiê palestino,
Abu Mazen, "tomar medidas
imediatas contra a violência".
Pergunta - O governo israelense
aprovou o "roteiro para a paz" com
um apoio limitado dentro do gabinete. Vocês estão comprometidos
em aplicá-lo?
Silvan Shalom - Tomamos uma
decisão difícil. Porém estamos
realmente comprometidos com o
processo de paz e queremos retomar as negociações com os palestinos após quase três anos de violência. Acreditamos que tenha
chegado o momento de colocar
um fim ao terrorismo e à violência. Para isso, pensamos que eles
[os palestinos] têm de atuar. [O
premiê palestino] Abu Mazen deve tomar medidas imediatas contra a violência. E, se não o fizer
agora, cometeria o mesmo erro de
[Iasser] Arafat. Se não tomar as
medidas logo, será muito tarde.
Pergunta - Vocês confiam que
Abu Mazen colocará um fim ao terrorismo e à violência?
Shalom - Até o momento, ele
não tentou pôr um fim. O que tem
feito é dialogar com as organizações terroristas para alcançar algum tipo de cessar-fogo. Algo que
é inaceitável para nós. Pois, desse
modo, nos retiramos dos territórios -nos quais permanecemos
unicamente para prevenir os ataques terroristas- e, depois de
um breve período, voltam a acontecer atentados. Nós nos negamos
a sofrer atentados de dia e negociarmos à noite.
Pergunta - Na próxima semana,
será celebrada uma cúpula trilateral com a presença de Abu Mazen,
do premiê israelense, Ariel Sharon,
e do presidente George W. Bush.
Ela poderá resultar no fim da Intifada [levante palestino contra a
ocupação israelense, iniciado em
setembro de 2000]?
Shalom -Embora pudesse ter
ocorrido antes, a cúpula da próxima quarta em Aqaba (Jordânia)
será o momento zero, em que
realmente passará a valer o "roteiro para a paz" e retomaremos as
negociações. Nós desejamos voltar à mesa de negociações. Mas
queremos que saibam que não
vão ganhar essa guerra nem nos
forçar a conceder o que não queremos. Abu Mazen é um líder que
disse várias vezes que pode conseguir mais por meio do diálogo do
que da Intifada.
Pergunta - O grande ausente em
Aqaba será Arafat. Qual é a sua opinião sobre o presidente da ANP
(Autoridade Nacional Palestina)?
Shalom - Pensamos que Arafat é
um terrorista que segue apoiando
a violência. Acreditamos que devemos isolá-lo, o que simultaneamente servirá para fortalecer a liderança de Mazen. Arafat não fez
nada mais do que usar o terror e a
violência durante décadas.
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