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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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Agora é a vez de os palestinos agirem, diz chanceler

JULIO DE LA GUARDIA
DO "EL PAÍS", EM JERUSALÉM

O chanceler israelense, Silvan Shalom, afirma que Israel já fez a sua parte, ao reconhecer a criação de um Estado palestino, conforme prevê o novo plano de paz. Agora é a vez do premiê palestino, Abu Mazen, "tomar medidas imediatas contra a violência".
 

Pergunta - O governo israelense aprovou o "roteiro para a paz" com um apoio limitado dentro do gabinete. Vocês estão comprometidos em aplicá-lo?
Silvan Shalom -
Tomamos uma decisão difícil. Porém estamos realmente comprometidos com o processo de paz e queremos retomar as negociações com os palestinos após quase três anos de violência. Acreditamos que tenha chegado o momento de colocar um fim ao terrorismo e à violência. Para isso, pensamos que eles [os palestinos] têm de atuar. [O premiê palestino] Abu Mazen deve tomar medidas imediatas contra a violência. E, se não o fizer agora, cometeria o mesmo erro de [Iasser] Arafat. Se não tomar as medidas logo, será muito tarde.

Pergunta - Vocês confiam que Abu Mazen colocará um fim ao terrorismo e à violência?
Shalom -
Até o momento, ele não tentou pôr um fim. O que tem feito é dialogar com as organizações terroristas para alcançar algum tipo de cessar-fogo. Algo que é inaceitável para nós. Pois, desse modo, nos retiramos dos territórios -nos quais permanecemos unicamente para prevenir os ataques terroristas- e, depois de um breve período, voltam a acontecer atentados. Nós nos negamos a sofrer atentados de dia e negociarmos à noite.

Pergunta - Na próxima semana, será celebrada uma cúpula trilateral com a presença de Abu Mazen, do premiê israelense, Ariel Sharon, e do presidente George W. Bush. Ela poderá resultar no fim da Intifada [levante palestino contra a ocupação israelense, iniciado em setembro de 2000]?
Shalom -
Embora pudesse ter ocorrido antes, a cúpula da próxima quarta em Aqaba (Jordânia) será o momento zero, em que realmente passará a valer o "roteiro para a paz" e retomaremos as negociações. Nós desejamos voltar à mesa de negociações. Mas queremos que saibam que não vão ganhar essa guerra nem nos forçar a conceder o que não queremos. Abu Mazen é um líder que disse várias vezes que pode conseguir mais por meio do diálogo do que da Intifada.

Pergunta - O grande ausente em Aqaba será Arafat. Qual é a sua opinião sobre o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina)?
Shalom -
Pensamos que Arafat é um terrorista que segue apoiando a violência. Acreditamos que devemos isolá-lo, o que simultaneamente servirá para fortalecer a liderança de Mazen. Arafat não fez nada mais do que usar o terror e a violência durante décadas.


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