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Chávez ameaça TV e ataca estudantes
Enfrentando protestos pelo fim das atividades da RCTV, presidente venezuelano diz que pode fechar outra emissora
Segundo Hugo Chávez e parlamentares governistas, estudantes que têm se manifestado contra fim da rede de TV são manipulados
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Enfrentando o quarto dia seguido de protestos em várias
partes do país contra o fim das
transmissões da RCTV, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, fez ontem ameaças à emissora Globovisión, a única abertamente crítica ao seu governo,
e desqualificou as marchas dos
estudantes universitários.
"Quero advertir o povo venezuelano (...) sobre as ações de
rua que estão tentando incentivar. [Alerto] alguns meios de
comunicação que estão brincando, como sempre, com a desestabilização", disse Chávez,
em discurso durante ato público transmitido em rede nacional de rádio e TV.
Sobre a rede de TV Globovisión, tradicional opositora a Chávez, o presidente voltou a acusá-la de incentivar seu assassinato e ameaçou: "Meçam até
onde querem chegar. Tomem
calmantes e ajam nos conformes, porque, caso contrário, eu
mesmo os colocarei [nos conformes]".
"Se vão continuar chamando
à desobediência e incitando o
magnicídio", disse Chávez, deverão "assumir as conseqüências". O presidente venezuelano qualificou os meios de comunicação oposicionistas de
"inimigos da pátria" e "apátridas" e exortou o governo a vigiá-los "minuto a minuto".
Apesar de a Globovisión ser a
única emissora crítica a Chávez
atualmente no ar, grande parte
dos jornais e das rádios do país
não está alinhada com o governo venezuelano.
Chávez ainda desqualificou
os protestos de universitários
dos últimos dois dias ao afirmar
que "não representam a maioria desse setor". Disse ainda
que estão sendo "manipulados"
pelos interesses "obscuros" da
oposição. "Faço um chamado
às mães e aos pais (...) Os que os
estão usando estão procurando
mortos [para estimular ações
contra o governo]", afirmou.
Em discurso recheado de referências ao frustrado golpe
que sofreu em 2002, disse que,
se for necessário "lançar outro
13 de abril", ele mesmo o comandaria, em alusão ao dia em
que voltou ao poder.
"Irmão que está nos morros
de Caracas, que está lá no Petare, alerta o povo, lá em Catia, no
23 de Enero, alerte o povo em
todo o país (...) Se tivermos que
lançar outro 13 de abril, eu comandarei o 13 de abril", disse,
mencionando vários bairros
pobres da capital venezuelana
onde concentra grande apoio.
Assembléia
Em tom ainda mais duro do
que Chávez, deputados governistas fizeram várias acusações
contra os manifestantes em
discursos na Assembléia. Luis
Tascón disse que "há um golpe
de Estado em andamento" com
apoio da Globovisión e exortou
os militantes chavistas a expulsarem os estudantes das ruas.
"A rua é nossa. Retomemos a
rua, que a rua é do povo, e não
da oligarquia", discursou. Em
outra grande manifestação ontem, estudantes vestidos de
vermelho da Universidade Bolivariana da Venezuela, criada
por Chávez, marcharam até o
Palácio Miraflores para dar
apoio ao governo.
A RCTV, que não teve sua
concessão renovada, deixou de
transmitir às 23h59 de domingo e foi substituída pela estatal
Tves.
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