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Dirigente da UE faz crítica contundente
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
O presidente da Comissão Européia, o português
José Manuel Durão Barroso, criticou ontem duramente a decisão do presidente Hugo Chávez de
cassar a concessão do canal RCTV, considerando-a
"um passo atrás" que caracteriza o que batizou de
"semidemocracia".
A crítica foi feita durante conversa entre Durão
Barroso e um grupo de jornalistas brasileiros e portugueses para divulgar o
projeto de parceria estratégica entre a União Européia e o Brasil.
O presidente da Comissão disse que a Europa repudia recorrer a "semidemocracias ou, em alguns
casos, à ditadura", como
resposta ao fato de que "o
capitalismo ultraliberal
não deu os resultados esperados". Nesse contexto,
classificou de "completamente decepcionante" a
decisão do governo venezuelano. "Quando se reduz
o pluralismo da comunicação social, é um passo
atrás, é um passo no mau
caminho, e põe em questão a institucionalidade",
disparou.
Afirmou ainda que a Venezuela se trata de "uma
sociedade extremamente
sofisticada, no bom sentido, com uma vida cultural
intensa e muito plural".
Por isso mesmo, lamentou
o que chamou de "decisão
arbitrária" e ainda cobrou
que "os democratas não fiquem conformados com
uma notícia como essa".
Durão Barroso só citou
nominalmente a Venezuela entre os "regimes populistas, para não chamar de
outra coisa" na América
Latina. "Esperemos que
não surjam outros casos",
limitou-se a desejar o presidente da Comissão.
O português é a autoridade mais graduada a criticar, até agora, a cassação
da RCTV. Antes, o Parlamento Europeu também
votara uma moção de condenação, mas por apenas
43 votos entre 784 deputados, que Chávez ironizou.
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