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Após enfrentar Pequim, Patten quer descanso
do enviado especial
Chris Patten termina hoje seu
mandato de governador colonial
de Hong Kong com a aura de um
audacioso defensor de reformas
democratizantes no território e
com as promessas de que não quer
voltar à política, pelo menos num
futuro próximo. Rejeitou uma
proposta da ONU para atuar na
Bósnia. Diz que prefere escrever
um livro.
Patten anunciou que, depois de
Hong Kong, vai morar na França,
onde tem uma casa. Lá planeja escrever um livro sobre sua experiência na Ásia.
Patten chegou a Hong Kong depois da vitória do então primeiro-ministro britânico, John Major, nas eleições de 1992. Ganhou o
cargo de governador como prêmio
por ter sido o estrategista de uma
vitória considerada quase impossível durante a campanha eleitoral
do Partido Conservador.
A ira de Pequim
Em Hong Kong, Patten dedicou-se a implementar reformas
democratizantes que irritaram o
governo chinês. Pequim as classifica de "unilaterais, sem consulta
prévia" e, portanto, afirma seu direito de anulá-las.
Ao enfrentar a ira dos chineses e
defender as mudanças num dos
principais pólos capitalistas da
Ásia, Patten ganhou projeção internacional. Disse, na semana passada, ter rejeitado um convite para
ser o enviado da ONU à Bósnia.
Católico praticante nascido em
1944, Patten disse que precisa de
uma "pausa" em sua vida. Analistas britânicos, no entanto, não
descartam sua volta ao cenário político do Reino Unido, talvez numa
tentativa de ser o sucessor do atual
premiê, o trabalhista Tony Blair.
O 28º e último governador colonial deixa Hong Kong com a popularidade em alta. Numa pesquisa
da Universidade de Hong Kong divulgada na semana passada, 63,7%
dos entrevistados disseram estar
"muito satisfeitos" com a administração britânica no território.
Populista na Ásia
Considerado um exímio debatedor, Patten também cultiva um estilo político raro em países da região. Costumava fazer caminhadas
pelas ruas de Hong Kong, beijava
mulheres e tirava fotografias com
crianças. Os críticos do governador descrevem seu estilo como
"populista".
Patten às vezes se desfaz da fleuma britânica. No sábado, chorou
numa festa de despedida e afirmou
que, para a cerimônia de hoje, diz
que vai precisar de um lenço.
O governador também conquistava espaço na imprensa com os
problemas vividos por seus animais de estimação. Seus cães
Whisky e Soda viraram notícia
quando sobreviveram a uma tentativa de envenenamento.
(JS)
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