São Paulo, segunda, 30 de junho de 1997.



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Após enfrentar Pequim, Patten quer descanso

do enviado especial

Chris Patten termina hoje seu mandato de governador colonial de Hong Kong com a aura de um audacioso defensor de reformas democratizantes no território e com as promessas de que não quer voltar à política, pelo menos num futuro próximo. Rejeitou uma proposta da ONU para atuar na Bósnia. Diz que prefere escrever um livro.
Patten anunciou que, depois de Hong Kong, vai morar na França, onde tem uma casa. Lá planeja escrever um livro sobre sua experiência na Ásia.
Patten chegou a Hong Kong depois da vitória do então primeiro-ministro britânico, John Major, nas eleições de 1992. Ganhou o cargo de governador como prêmio por ter sido o estrategista de uma vitória considerada quase impossível durante a campanha eleitoral do Partido Conservador.
A ira de Pequim
Em Hong Kong, Patten dedicou-se a implementar reformas democratizantes que irritaram o governo chinês. Pequim as classifica de "unilaterais, sem consulta prévia" e, portanto, afirma seu direito de anulá-las.
Ao enfrentar a ira dos chineses e defender as mudanças num dos principais pólos capitalistas da Ásia, Patten ganhou projeção internacional. Disse, na semana passada, ter rejeitado um convite para ser o enviado da ONU à Bósnia.
Católico praticante nascido em 1944, Patten disse que precisa de uma "pausa" em sua vida. Analistas britânicos, no entanto, não descartam sua volta ao cenário político do Reino Unido, talvez numa tentativa de ser o sucessor do atual premiê, o trabalhista Tony Blair.
O 28º e último governador colonial deixa Hong Kong com a popularidade em alta. Numa pesquisa da Universidade de Hong Kong divulgada na semana passada, 63,7% dos entrevistados disseram estar "muito satisfeitos" com a administração britânica no território.
Populista na Ásia
Considerado um exímio debatedor, Patten também cultiva um estilo político raro em países da região. Costumava fazer caminhadas pelas ruas de Hong Kong, beijava mulheres e tirava fotografias com crianças. Os críticos do governador descrevem seu estilo como "populista".
Patten às vezes se desfaz da fleuma britânica. No sábado, chorou numa festa de despedida e afirmou que, para a cerimônia de hoje, diz que vai precisar de um lenço.
O governador também conquistava espaço na imprensa com os problemas vividos por seus animais de estimação. Seus cães Whisky e Soda viraram notícia quando sobreviveram a uma tentativa de envenenamento. (JS)



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