São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁSIA

Ahmadinejad afirma que islamismo vai se propagar "pelo mundo todo"; Khatami pede que lições não sejam ignoradas

Presidente eleito diz que lançou nova revolução no Irã

DA REDAÇÃO

Em discurso que remeteu à Revolução Islâmica de 1979, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, presidente eleito do Irã, afirmou que "a era da opressão acabou" e que sua eleição, na última sexta, desencadeou uma "nova revolução islâmica" que "logo se propagará pelo mundo todo".
"Graças ao sangue dos mártires, uma nova revolução islâmica aconteceu. Se Deus quiser, ela exterminará a injustiça do mundo", disse Ahmadinejad ontem. "A era da opressão, do regime hegemônico, da tirania e da injustiça chegou ao fim", afirmou, aparentemente aludindo aos EUA.
Já o presidente que deixa o cargo, o reformista Mohammad Khatami, afirmou, após reunir-se com Ahmadinejad, esperar que ele "aprenda a partir da experiência dos governos anteriores" e "não parta do zero".
Há o temor entre reformistas e liberais iranianos de que Ahmadinejad anule reformas implementadas por Khatami, sobretudo no que diz respeito ao relaxamento dos códigos de conduta islâmicos.
Ontem o parlamentar linha-dura Mohammad Taqi Rahbar afirmou que "a cultura islâmica foi negligenciada nos últimos anos no Irã", num sinal de que os radicais cobrarão ações do presidente eleito nessa direção.
Em sua primeira entrevista coletiva após a vitória, no entanto, Ahmadinejad prometeu um governo de moderação, no qual "não haverá lugar para o extremismo". O novo presidente, que deve assumir o cargo em 3 de agosto próximo, ainda não nomeou seu gabinete, mas já deu início às consultas para formá-lo.
O Conselho dos Guardiães, órgão que tem a palavra final sobre as eleições iranianas, ratificou ontem os resultados da votação da última sexta.
Ahmadinejad, até então prefeito de Teerã, recebeu 61,6% dos votos, e o ex-presidente Hashemi Rafsanjani, um clérigo conservador moderado, obteve 35,9%. O índice de comparecimento foi de 59% dos cerca de 47 milhões de eleitores iranianos.
Rafsanjani, que governou o Irã de 1989 a 1997, afirma ter sido vítima de uma "intervenção organizada" dos clérigos ultraconservadores que fazem parte do governo do país e com os quais Ahmadinejad, apesar de leigo, se alinha.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Azuis x laranjas: Israelenses travam disputa em cores
Próximo Texto: Panorâmica - "Diplomacia": Nixon chamou Indira Gandhi de "velha bruxa"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.