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ÁSIA
Ahmadinejad afirma que islamismo vai se propagar "pelo mundo todo"; Khatami pede que lições não sejam ignoradas
Presidente eleito diz que lançou nova revolução no Irã
DA REDAÇÃO
Em discurso que remeteu à Revolução Islâmica de 1979, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, presidente eleito do Irã,
afirmou que "a era da opressão
acabou" e que sua eleição, na última sexta, desencadeou uma "nova revolução islâmica" que "logo
se propagará pelo mundo todo".
"Graças ao sangue dos mártires,
uma nova revolução islâmica
aconteceu. Se Deus quiser, ela exterminará a injustiça do mundo",
disse Ahmadinejad ontem. "A era
da opressão, do regime hegemônico, da tirania e da injustiça chegou ao fim", afirmou, aparentemente aludindo aos EUA.
Já o presidente que deixa o cargo, o reformista Mohammad
Khatami, afirmou, após reunir-se
com Ahmadinejad, esperar que
ele "aprenda a partir da experiência dos governos anteriores" e
"não parta do zero".
Há o temor entre reformistas e
liberais iranianos de que Ahmadinejad anule reformas implementadas por Khatami, sobretudo no
que diz respeito ao relaxamento
dos códigos de conduta islâmicos.
Ontem o parlamentar linha-dura Mohammad Taqi Rahbar afirmou que "a cultura islâmica foi
negligenciada nos últimos anos
no Irã", num sinal de que os radicais cobrarão ações do presidente
eleito nessa direção.
Em sua primeira entrevista coletiva após a vitória, no entanto,
Ahmadinejad prometeu um governo de moderação, no qual
"não haverá lugar para o extremismo". O novo presidente, que
deve assumir o cargo em 3 de
agosto próximo, ainda não nomeou seu gabinete, mas já deu
início às consultas para formá-lo.
O Conselho dos Guardiães, órgão que tem a palavra final sobre
as eleições iranianas, ratificou ontem os resultados da votação da
última sexta.
Ahmadinejad, até então prefeito de Teerã, recebeu 61,6% dos
votos, e o ex-presidente Hashemi
Rafsanjani, um clérigo conservador moderado, obteve 35,9%. O
índice de comparecimento foi de
59% dos cerca de 47 milhões de
eleitores iranianos.
Rafsanjani, que governou o Irã
de 1989 a 1997, afirma ter sido vítima de uma "intervenção organizada" dos clérigos ultraconservadores que fazem parte do governo
do país e com os quais Ahmadinejad, apesar de leigo, se alinha.
Com agências internacionais
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