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Alerta não altera fleuma londrina
Habituados a conviver com a ameaça terrorista, moradores da capital mantêm rotina e mostram resignação
Ruas próximas ao local em que carros-bomba foram achados são interditadas, mas residentes e turistas não perdem tranqüilidade
ALAN COWELL
DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES
A manchete do jornal londrino "Evening Standard" de ontem dizia que 1.700 pessoas poderiam ter morrido na "noite
das mulheres" da boate Tiger
Tiger. A polícia classificou como "significativo" o número de
mortes que poderiam ter ocorrido, caso o carro-bomba tivesse sido detonado.
Mas, do mesmo modo como
Londres deu de ombros estoicamente diante dos ataques de
7 de julho de 2005, muitas pessoas nas ruas próximas a Piccadilly Circus, na sexta-feira, pareciam não estar muito preocupadas depois de a polícia anunciar que tinha desativado uma
mistura explosiva de gasolina,
pregos e bujões de gás num carro abandonado diante da Tiger
Tiger, na avenida Haymarket.
"Isso é algo a que a gente se
acostuma quando vive em Londres", disse o advogado Andrew
Fowler, 39 anos, saboreando
um café num estabelecimento
ao ar livre perto de Piccadilly
Circus. "Diante da posição do
nosso governo com relação à
guerra do Iraque e em outros
lugares, acho que nos acostumamos a ser um alvo. É algo
com que temos que conviver."
"Ouvimos um anúncio no
metrô", disse Sheila Porter, 73
anos, psicóloga aposentada vinda da Irlanda para uma visita a
Londres. "Tentei não pensar no
que poderia ter acontecido,
mas o anúncio pareceu indicar
que o incidente ocorreu na rua,
não no metrô, e por isso ficamos calmos. Para ser franca,
não fiquei preocupada, porque
não nos disseram o que foi, e
disseram que não acontecera
numa estação, mas na rua. Não
sabíamos disso quando entramos no metrô, mas não tivemos outra escolha a não ser seguir adiante."
O alerta fez com que as ruas
em volta de Haymarket fossem
interditadas e levou algumas
pessoas a sair dos escritórios
das redondezas para descobrir
o que estava acontecendo.
Tranquilidade
"Foi apenas quando cheguei
ao trabalho que me dei conta do
que estava acontecendo", disse
a neozelandesa Renee Anderson, 32 anos, vinda da representação diplomática de seu
país, situada nas proximidades.
"Estou surpreendentemente
tranqüila com tudo isso", disse
ela. "A mentalidade inglesa é a
de que eles já enfrentam isso há
tanto tempo, com todas as
bombas que já houve, que precisam levar a vida adiante."
Embora Picadilly Circus não
estivesse tão repleta de pessoas
quanto normalmente, o ambiente estava calmo. Turistas e
moradores de Londres caminhavam com poucos sinais externos de ansiedade.
Grupos de pessoas que
aguardavam para entrar em
áreas fechadas por cordões de
isolamento estavam sentadas
no meio-fio ou em pé nas calçadas, de vez em quando perguntando aos policiais quando poderiam passar.
"Penso: "E daí?'", diz Paul
Dickinson, 44 anos, diretor de
uma empresa. "Há bombas em
todas as cidades e houve bombas em Londres a minha vida
inteira. Há riscos em qualquer
cidade. Moro aqui há 20 anos e
nunca me aconteceu nada."
Tradução de CLARA ALLAIN
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