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Governo chinês aprova nova lei trabalhista
Legislação pretende aumentar garantias, mas há dúvidas sobre sua aplicação; escândalo recente envolveu trabalho escravo
Alguns pontos foram suavizados devido a críticas de empresas, que crêem
em elevação de custos e ameaçam abandonar o país
DA REDAÇÃO
O governo chinês aprovou
ontem uma nova lei trabalhista
que em tese fortalece as proteções para os trabalhadores chineses, apesar das críticas de
multinacionais que temem que
as novas regras aumentem o
custo de produção no país.
A aprovação se deu depois de
18 meses de deliberação e de
um raro pedido do governo para que os chineses comentassem a lei. Eles receberam cerca
de 200 mil sugestões, tanto de
trabalhadores como de empresas nacionais e estrangeiras.
O Comitê Permanente do
Congresso chinês -dominado
pelo Partido Comunista, como
todas as instituições oficiais no
país- ainda não divulgou a íntegra do texto, mas alguns dos
pontos aprovados são: a exigência de contrato entre empregador e empregado, a limitação
do uso de trabalhadores temporários e mais empecilhos à
demissão de empregados.
Outra mudança aprovada é o
fortalecimento da Federação
dos Sindicatos de Toda a China
-também monopólio do PC.
Quando a lei entrar em vigor,
no primeiro dia de 2008, comitês de empresa ligados à federação terão permissão para negociar coletivamente salários e
benefícios com empregadores.
Antes, o trabalhador negociava
individualmente com seus superiores, na maioria dos casos.
Alguns pontos da nova lei foram suavizados ou suprimidos
depois que multinacionais afirmaram que a concessão de novos direitos trabalhistas poderia fazer com que a China perdesse sua competitividade.
Escândalo trabalhista
A nova legislação chega em
um momento em que o governo enfrenta um escândalo relacionado ao uso de trabalho escravo em olarias e pequenas
minas de carvão nas Províncias
de Shanxi e Henan. Desde que o
caso irrompeu, no mês passado, cerca de 600 trabalhadores
escravizados foram libertados
-51 deles eram crianças.
Além do escândalo da escravidão, o crescimento econômico nos últimos anos produziu
uma enorme quantidade de
trabalhadores migrantes, que
não raramente são vítimas de
abusos e condições de trabalho
degradantes. Muitos deles não
possuem contratos e muitas vezes não recebem em dia.
A situação dos trabalhadores
migrantes tem provocado protestos e é vista como um motivos do aumento de crimes violentos nas áreas urbanas.
Analistas calculam, porém,
que, se não houver fiscalização
na aplicação da nova lei, os chineses correm o risco de não ver
nenhuma melhoria.
As Câmaras de Comércio
Americana e Européia já afirmaram que o abuso de trabalhadores na China é causado
pelo desrespeito das leis existentes e não pela falta delas. Dirigentes que apóiam a lei admitem que isso é um problema,
mas garantem que a nova lei será mais fácil de implementar.
"O ponto da nova lei é aumentar o custo da violação", afirma
Liu Cheng, professor de direito
na Universidade de Xangai.
Porém as empresas afirmam
que as novas regras vão aumentar substancialmente os custos
de produção e que multinacionais teriam como única opção
transferir suas atividades para
outros países com mão-de-obra ainda mais barata, como
Bangladesh e Vietnã -o que já
vem acontecendo em parte.
"Nós recebemos bem empresas que respeitam as leis chinesas e se preocupam com seus
trabalhadores. Aqueles que dependem da mão-de-obra barata e da violação dos direitos dos
trabalhadores para obter lucro
serão afastados", diz Xie Liangmin, do departamento legislativo da federação dos sindicatos.
Com "New York Times" e agências internacionais
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