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ELEIÇÃO
Junichiro Koizumi sai fortalecido e afirma que começará a implementar reformas econômicas radicais "desde já"
Partido de premiê japonês ganha com folga
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro do Japão,
Junichiro Koizumi, 59, saiu fortalecido das eleições legislativas que
renovaram ontem quase a metade
das cadeiras da Câmara Alta do
Parlamento do país.
Até o início da noite de ontem,
seu partido, o PLD (Partido Liberal-Democrático) havia conquistado 76 das 121 cadeiras que estavam em disputa. O Partido Novo
Komeito havia conquistado 12, e
o Partido Novo Conservador,
uma. Eles também fazem parte da
coalizão governamental. A Câmara Alta do Parlamento japonês
tem um total de 247 cadeiras.
A vitória, que confirma a expressiva popularidade de Koizumi, lhe dá apoio para o programa
de reformas radicais que pretende
implantar e que é criticado pela
velha-guarda de seu partido.
"Fomos mais longe do que esperávamos", declarou após saber
do resultado. "Isso se deve às esperanças que o povo japonês deposita nas reformas".
O estilo franco de Koizumi e
suas promessas de soluções drásticas para a estagnação econômica que já dura uma década resultaram em um culto em torno do
premiê digno de um "pop star".
Isso se vê no estouro de vendas de
suvenires com sua imagem, desde
pôsteres e camisetas até capas de
celulares e placas comemorativas.
Koizumi enfrenta, entretanto,
forte oposição tanto de grupos
empresarias quanto de membros
conservadores de seu próprio
partido. Seu plano de cortar despesas públicas e reestruturar o sistema financeiro do país deverá
provocar ainda mais falências e
desemprego.
"O plano básico começará a ser
implantado desde já", afirmou o
premiê ontem à noite. "A partir
de agora, isso é responsabilidade
minha", acrescentou. "Irei implementar medidas específicas em
consonância com meus princípios básicos. Se houver pessoas da
oposição querendo cooperar,
aceitarei de bom grado."
As reformas que Koizumi quer
implementar implicam o desmantelamento do sistema político e econômico que tem vigorado
no Japão nos últimos 50 anos.
Essencialmente, esse sistema
tem-se sustentando à custa do aumento da injeção de dinheiro público -obtido por meio da venda
de títulos- na economia, sobretudo por meio de grandes projetos públicos.
Depois de ter sido "filtrado" pelas grandes corporações do país, o
dinheiro, segundo a teoria, deveria finalmente chegar aos bolsos
dos cidadãos, os quais, por sua
vez, o reporiam no mercado por
meio do consumo.
Entretanto, desde o colapso da
tão famosa "bolha econômica"
dez anos atrás, o sistema quebrou.
Os bancos japoneses começaram a resgatar seus empréstimos,
obrigando várias empresas a fecharem as portas. Por sua vez, os
consumidores, ao invés de gastarem seu dinheiro, passaram a economizá-lo, o que acabou por afetar seriamente os pequenos comerciantes.
Enquanto isso, a emissão contínua de títulos levou a dívida pública a níveis alarmantes.
Seguidos governos pouco se esforçaram para reformar o sistema, acabando por recorrer a "pacotes" para tentar dar uma sobrevida à economia.
A promessa de Koizumi é a de
abandonar essas medidas paliativas, de fôlego curto, e impor a
austeridade dolorosa que, acredita, irá recuperar a economia.
"Creio que passaremos os próximos dois ou três anos sem nenhum sinal visível de recuperação", afirmou na noite de ontem.
Até agora, entretanto, Koizumi
não apresentou nenhuma proposta detalhada e, em três meses
de governo, realizou muito pouco.
Suas visitas à Europa e aos Estados Unidos não deram nenhum
resultado concreto.
Enquanto isso, a economia do
país está dando sinais de declínio
-na sexta-feira passada foi
anunciado que os preços ao consumidor caíram pelo 21º mês consecutivo.
O premiê prometeu instalar
"uma rede de segurança social"
para amenizar o desemprego e a
carestia -resultados inevitáveis
das políticas de reestruturação-,
embora não tenha explicado como fará isso.
Baixo comparecimento
O comparecimento na eleição
foi baixo -menos de 50%-, um
possível sinal da falta de interesse
nas promessas de Koizumi.
Seu índice de aprovação, segundo pesquisa do diário "Asahi
Shimbun", ainda é de quase 70%,
mas já foi de mais de 80%. É certo
que irá cair ainda mais, a menos
que Koizumi comece, de fato, a
detalhar os pontos da reforma.
Com "The Independent" e "The New
York Times"
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