das agências internacionais

A Suprema Corte da Espanha condenou ontem a dez anos de prisão o ex-ministro do Interior José Barrionuevo e o ex-secretário de Segurança Rafael Vera. Eles são acusados de participação em ações armadas contra o grupo terrorista basco ETA, que deixaram pelo menos 27 mortos entre 1983 e 87.
De acordo com a sentença, aprovada por sete votos a quatro, os dois integrantes do governo do ex-premiê socialista Felipe González (1982-96) estão envolvidos com o escândalo dos Grupos Antiterroristas de Libertação (GAL) -células de mercenários contratados com recursos federais para executar militantes separatistas, na chamada "guerra suja".
Analistas políticos dizem que o resultado do julgamento, que durou cerca de dois meses, pode abalar o futuro político do ex-premiê González (leia abaixo).
Outras dez pessoas, entre policiais e ex-funcionários do governo, foram condenadas a penas que vão de dois a dez anos de prisão.
Barrionuevo era julgado pela participação no sequestro do empresário francês Segundo Marrey e por malversação de fundos públicos. A fracassada operação, em 1983, foi a primeira ação dos GAL de que se tem conhecimento.
Após dez dias no cativeiro, o empresário foi libertado, depois de os sequestradores terem descoberto que ele não tinha conexões com os separatistas bascos. O tribunal autorizou o pagamento de US$ 200 mil como indenização a Marrey.
Barrionuevo é atualmente deputado pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). A condenação retira por 12 anos os direitos políticos dos envolvidos.
Os condenados podem apelar e não devem ser presos antes de setembro. Barrionuevo e Vera disseram que levarão o caso à Corte Constitucional, onde denunciarão violações do direito de defesa.
Denúncias de corrupção contra o governo de González e o escândalo dos GAL contribuíram para a derrota eleitoral do PSOE, em 1996, que pôs fim a quase 14 anos de domínio socialista na Espanha.



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