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COMENTÁRIO
Caso abala imagem do ex-premiê González
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
Antes mesmo de a Suprema
Corte espanhola condenar o
ex-ministro do Interior, José
Barrionuevo, seu partido (o
PSOE -Partido Socialista Operário Espanhol) já tentava armar uma barricada para evitar
que o escândalo ferisse mortalmente seu líder histórico, o
ex-premiê Felipe González.
Vai ser difícil. Primeiro, porque os fatos que levaram à condenação de Barrionuevo ocorreram durante o prolongado
reinado de González (82/96) e é
pouco verossímil que o primeiro-ministro pudesse ficar alheio
à ação ilegal de seus auxiliares
diretos.
Segundo, porque já chega a 12
o número de funcionários e policiais ou ex-policiais condenados no chamado caso GAL
(Grupos Antiterroristas de Libertação).
A sequência de condenações
parece indicar que a Justiça espanhola não tem dúvidas de que
as operações eram de fato ilegais.
Não resta, assim, ao PSOE outra alternativa se não a de semear a desconfiança no aparelho judicial, como o fez ontem
mesmo o secretário-geral do
partido, Joaquín Almunia, ao
afirmar que "não se pode confiar na Justiça".
Não é a toa que um dos mais
duradouros líderes políticos espanhóis, Jordi Pujol, presidente
do governo da Catalunha (norte
do país), peça agora moderação
à classe política, para evitar que
o episódio se transforme em crise institucional.
Afinal, quando um partido do
porte do PSOE desconfia da Justiça, o país fica claramente a um
passo de enfrentar uma crise
institucional.
A única arma de defesa do
PSOE e de González é a confissão feita tempos atrás por um
dos envolvidos (José Maria Ansón, ex-diretor do conservador
matutino ABC) de que ele e o diretor do jornal "El Mundo"
(Pedro J. Ramírez) promoveram uma conspiração para abalar o poder de González.
O difícil vai ser provar que a
Justiça, ao punir duramente
funcionários socialistas graduados, como Barrionuevo, é parte
da conspiração.
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