|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INFERNO NA TORRE
Terceira vítima foi identificada ontem
Sem TV, russos lotam locadoras de Moscou em busca de filmes
HELEN WOMACK
DO "THE INDEPENDENT", EM MOSCOU
Os moscovitas tiveram de mudar seus hábitos nos últimos dias,
depois que a torre de TV Ostankino pegou fogo e deixou a maioria
dos canais de televisão fora do ar.
Mas, apesar da comoção provocada pela tragédia que deixou
quatro vítimas, a maioria dos russos estava mais preocupada com
a maneira com a qual iriam lidar
com a falta do noticiário e dos
programas de entretenimento.
Uma terceira vítima morta na
queda de um dos três elevadores
da torre teve seu corpo identificado ontem. Um bombeiro e uma
ascensorista já haviam tido seus
corpos identificados.
O jornal "Komsomolskaya
Pravda" disse que a ascensorista
casara-se dois dias antes do acidente. A imprensa russa afirma
que ainda não se sabe o número
final de vítimas do acidente.
Quase nenhum moscovita conseguiu assistir à TV ontem. É irônico que as Províncias russas
-normalmente vistas como arrastando-se na Idade da Pedra em
relação à moderna Moscou-
continuem recebendo a transmissão televisiva enquanto a maioria
dos telespectadores da capital só
possa enxergar chuviscos na tela.
Já se foi o tempo em que a Rússia, além da Islândia, tinha a
maior taxa de leitores por habitante do planeta. Os russos liam
porque a transmissão soviética,
com os intermináveis discursos
de Brejnev e relatórios sobre colheitas, era impossível de ser vista,
o que não acontece mais no período pós-soviético.
Desesperados, os moscovitas
invadiam ontem as lojas para
comprar vídeos.
Nas locadoras, pegavam filmes
ocidentais. Também houve espaço para o humor.
"As autoridades ainda estão investigando o motivo do fogo de
Ostankino. Não está descartada a
possibilidade de colisão com um
submarino estrangeiro" ou "O fogo ainda arde em Ostankino. Todas as esperanças estão nas mãos
dos mergulhadores noruegueses"
eram as piadas que circulavam
ontem no país, que associam o incêndio ao acidente com o submarino Kursk.
Texto Anterior: Multimídia - The Times - de Londres: Mãe que tomou injeção dá versão Próximo Texto: Polônia: Sindicato Solidariedade completa 20 anos com disputas internas Índice
|