|
Texto Anterior | Índice
UM ANO DEPOIS
ONU reforça segurança
Timor teme violência durante comemoração
ROMAIN FRANKLIN
DO "LIBÉRATION"
O sofrimento de Timor Leste
ainda não chegou ao fim. Cerca
de 200 mil milicianos bem armados, oriundos de Timor Oeste
(Indonésia), teriam se infiltrado
no território ao longo das últimas
semanas. Seu objetivo: marcar
com violência o aniversário do referendo que, em 30 de agosto de
1999, lançou Timor Leste no caminho da independência.
A administração transitória das
Nações Unidas (Untaet), que governará Timor Leste até sua independência formal, se diz inquieta.
Os cerca de 9.000 capacetes azuis
-como são chamados os soldados das forças de paz da ONU-
reforçaram a segurança nas fronteiras. Receiam que sejam feitos
ataques às localidades fronteiriças
de Maliana e Marko, locais designados para as comemorações.
Os soldados da ONU e os milicianos contrários à independência, escondidos em Timor Oeste,
se enfrentaram seis vezes nas últimas nove semanas.
No dia 24 de agosto, um capacete azul neozelandês foi morto na
fronteira num combate contra
milicianos. Duas semanas depois,
morreu um soldado nepalês.
Treinados, armados e financiados por alguns setores das Forças
Armadas da Indonésia, homens
contrários ao fim do controle indonésio sobre Timor formaram
milícias, no início de 1999, para
sabotar o escrutínio de agosto.
O inimaginável ocorreu em Timor Leste. Após 25 anos sob a bota do Exército indonésio, responsável pela morte de um quarto da
população (200 mil pessoas), o
pequeno território anexado por
Jacarta recebeu a oportunidade
de determinar seu destino por
meio de uma votação supervisionada pela ONU.
Mas os militares da Indonésia,
fingindo-se neutros, armaram as
milícias, aterrorizaram a população timorense com massacres e
prometeram que seriam ainda
mais duros se os 460 mil votantes
rejeitassem a proposta de Jacarta
(uma autonomia limitada, ainda
sob controle indonésio).
Apesar do medo, os timorenses
expressaram seu desejo de independência, o que desencadeou a
devastação do território por milicianos apoiados pelas Forças Armadas. Em poucas semanas, a antiga colônia portuguesa foi reduzida a cinzas, 200 mil pessoas foram assassinadas e outras tantas,
expulsas do território e deportadas para Timor Oeste.
Timor Leste enfrenta, desde então, o desafio de construir um
país a partir do zero.
Texto Anterior: Abu Sayyaf vira um ótimo negócio Índice
|