São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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UM ANO DEPOIS
ONU reforça segurança
Timor teme violência durante comemoração

ROMAIN FRANKLIN
DO "LIBÉRATION"


O sofrimento de Timor Leste ainda não chegou ao fim. Cerca de 200 mil milicianos bem armados, oriundos de Timor Oeste (Indonésia), teriam se infiltrado no território ao longo das últimas semanas. Seu objetivo: marcar com violência o aniversário do referendo que, em 30 de agosto de 1999, lançou Timor Leste no caminho da independência.
A administração transitória das Nações Unidas (Untaet), que governará Timor Leste até sua independência formal, se diz inquieta. Os cerca de 9.000 capacetes azuis -como são chamados os soldados das forças de paz da ONU- reforçaram a segurança nas fronteiras. Receiam que sejam feitos ataques às localidades fronteiriças de Maliana e Marko, locais designados para as comemorações.
Os soldados da ONU e os milicianos contrários à independência, escondidos em Timor Oeste, se enfrentaram seis vezes nas últimas nove semanas.
No dia 24 de agosto, um capacete azul neozelandês foi morto na fronteira num combate contra milicianos. Duas semanas depois, morreu um soldado nepalês.
Treinados, armados e financiados por alguns setores das Forças Armadas da Indonésia, homens contrários ao fim do controle indonésio sobre Timor formaram milícias, no início de 1999, para sabotar o escrutínio de agosto.
O inimaginável ocorreu em Timor Leste. Após 25 anos sob a bota do Exército indonésio, responsável pela morte de um quarto da população (200 mil pessoas), o pequeno território anexado por Jacarta recebeu a oportunidade de determinar seu destino por meio de uma votação supervisionada pela ONU.
Mas os militares da Indonésia, fingindo-se neutros, armaram as milícias, aterrorizaram a população timorense com massacres e prometeram que seriam ainda mais duros se os 460 mil votantes rejeitassem a proposta de Jacarta (uma autonomia limitada, ainda sob controle indonésio).
Apesar do medo, os timorenses expressaram seu desejo de independência, o que desencadeou a devastação do território por milicianos apoiados pelas Forças Armadas. Em poucas semanas, a antiga colônia portuguesa foi reduzida a cinzas, 200 mil pessoas foram assassinadas e outras tantas, expulsas do território e deportadas para Timor Oeste.
Timor Leste enfrenta, desde então, o desafio de construir um país a partir do zero.


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