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IRAQUE OCUPADO
Líder xiita é uma das vítimas da explosão, em Najaf; autoria é incerta, e número de mortos pode subir
Atentado a mesquita mata ao menos 75
DA REDAÇÃO
A explosão de um carro-bomba
em frente à mesquita onde está a
tumba de Ali, em Najaf, no Iraque, matou ontem ao menos 75
pessoas e feriu cerca de 140. A
tumba de Ali é o local mais sagrado do país para os muçulmanos
xiitas. Entre os mortos, estava o
aiatolá Mohammed Baqer al Hakim, líder do maior grupo muçulmano xiita de oposição ao regime
deposto de Saddam Hussein.
O ataque ocorreu ao final das
orações de sexta-feira, quando as
pessoas deixavam a mesquita. Em
seu sermão, Al Hakim, visto como colaborador da autoridade
americana no país, havia pedido
pela unidade iraquiana e pela ajuda dos vizinhos árabes para a reconstrução do país.
O total de mortos ontem foi o
maior desde a chegada das forças
americanas a Bagdá, no início de
abril. Num momento em que os
xiitas iraquianos de diferentes gerações estão envolvidos em uma
luta pelo poder, o ataque é mais
um complicador nas tentativas
americanas de pacificar o país.
A TV árabe Al Jazira, do Qatar,
divulgou um saldo de 82 pessoas
mortas e 229 feridas no ataque de
ontem. Os xiitas imediatamente
acusaram simpatizantes do ex-ditador Saddam Hussein pelo ataque -Saddam, membro da minoria sunita, era acusado pela repressão aos xiitas por décadas.
Outra hipótese para o atentado
era uma possível ação da facção
mais jovem do xiismo, que mantém sua principal base de apoio
na favela de Sadr City, em Bagdá,
e que vinha tentando tomar das
mãos de Al Hakim a liderança do
ramo muçulmano.
Ahmad Chalabi, líder do Congresso Nacional Iraquiano e
membro do Conselho de Governo, instalado em julho pelos EUA,
disse que os responsáveis são os
mesmos do ataque do dia 19 de
agosto à sede da ONU em Bagdá,
na qual morreram 22 pessoas, entre elas o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante
das Nações Unidas no Iraque.
Horas após a explosão, uma situação de caos permanecia em
Najaf. Pessoas choravam pelas
ruas demonstrando sofrimento e
raiva. Alguns jornalistas estrangeiros foram atacados. Outras
pessoas procuravam por vítimas
entre os escombros. Uma série de
lojas no lado oposto da rua à mesquita foi reduzida a pedaços retorcidos de metal e a madeira. As
mercadorias à venda antes da explosão foi espalhada pelo chão.
Corpos e partes de corpos podiam
ser vistos entre os escombros.
Um grupo de homens e mulheres pressionava suas mãos e rostos contra as portas da mesquita,
que foram fechadas após a explosão. "Nem os americanos nos atacaram assim", lamentou uma
mulher, em prantos.
Não havia soldados da coalizão
anglo-americana na região da
mesquita em respeito ao local sagrado, segundo o porta-voz do
Pentágono Jim Cassella.
Os EUA disseram que a escalada de violência na região não vai
deter suas forças no país . Segundo a porta-voz da Casa Branca
Claire Buchan, o governo do país
"mantém sua disposição de trabalhar para dar uma vida melhor
para o povo iraquiano".
O administrador civil americano no Iraque, Paul Bremer, emitiu
um comunicado denunciando o
ataque. "O atentado de hoje em
Najaf mostra outra vez que os inimigos de um novo Iraque vão
acabar em nada. Outra vez, eles
mataram iraquianos inocentes.
Outra vez, eles violaram um dos
mais sagrados locais do islã. Outra vez, com sua ação atroz, mostraram a face diabólica do terrorismo", disse. "Em nome da Autoridade Provisória da Coalizão,
do povo americano e de todos os
amigos do Iraque, eu expresso
minha mais profunda simpatia às
famílias daqueles que foram mortos e aos feridos e suas famílias."
Com agências internacionais
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