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Bolívia enfrenta onda de manifestações
Governo usa Exército para restabelecer fluxo de gás para a Argentina citando obrigações com mercado
DA REDAÇÃO
Acostumado a liderar bloqueios quando era sindicalista,
o presidente boliviano, Evo
Morales, teve de lidar ontem
com dois focos de protestos independentes entre si, que provocaram a interrupção temporária do fornecimento de gás à
Argentina e a paralisação do
transporte público em La Paz.
O incidente mais sério ocorreu no departamento de Tarija
(sul), na região de fronteira
com a Argentina e principal
centro produtor de gás do país.
Inconformados com mudanças
na política aduaneira argentina, cerca de 500 comerciantes
interromperam o envio de gás à
Argentina por volta das 19h de
anteontem, na localidade fronteiriça de Pocitos.
O fluxo só foi restabelecido
ontem de manhã, após a intervenção de forças militares. Ao
todo, o gasoduto que liga a Bolívia à Argentina ficou interrompido por dez horas. Não houve
incidentes violentos.
"O risco é que não podemos,
como país exportador, deixar
de cumprir obrigações que temos no mercado, de forma que
finalmente o problema foi solucionado", disse o novo presidente da estatal boliviana
YPFB, Juan Carlos Ortiz, em
seu primeiro dia de trabalho.
O protesto reclamava de medidas restritivas a comerciantes bolivianos impostas pela
Argentina, principal fonte de
abastecimento para a região.
Ontem, líderes de Tarija convocaram uma paralisação de 24
horas contra Buenos Aires e em
apoio aos comerciantes.
Líderes de outro departamento, Chuquisaca, também
anunciaram uma paralisação
de 24 horas a partir de hoje
contra o suposto descaso de
Morales com a região.
La Paz bloqueada
La Paz e Cochabamba, respectivamente a primeira e a
terceira maior cidade da Bolívia, amanheceram paralisadas
ontem por uma paralisação de
motoristas de táxis, vans e ônibus responsáveis pelo transporte público urbano. Houve
também protestos de professores da rede pública.
Ao longo do dia, ocorreram
incidentes violentos quando
manifestantes paravam e agrediam motoristas que tentavam
trabalhar. O protesto interrompeu o fluxo de veículos entre o
centro e o sul de La Paz, região
de classe média alta.
Os motoristas se opõem a novas medidas das prefeituras,
como a obrigatoriedade de uma
terceira placa. Ontem à noite,
representantes do governo e
dos motoristas estavam reunidos para discutir as exigências.
Já os professores deixaram
de trabalhar para pedir aumento de salários e a demissão do
ministro da Educação, Félix
Patzi, que causou polêmica recentemente ao defender o fim
do ensino religioso no sistema
público de educação.
Com agências internacionais
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