São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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Iraque e China assinam acordo petroleiro de U$ 3 bi

Contrato é o primeiro internacional a ser fechado desde a invasão americana, em 2003, e contraria as regras anunciadas por Bagdá

DA REDAÇÃO

Os governos iraquiano e chinês assinaram ontem um contrato de US$ 3 bilhões para a exploração de um importante campo de petróleo do Iraque. É o primeiro acordo petrolífero internacional firmado por Bagdá desde a invasão americana que derrubou o regime de Saddam Hussein, em 2003.
Os termos do acordo, formalizado pelas estatais de petróleo dos dois países, determinam que a China fornecerá pelos próximos 22 anos assessores técnicos, operários e equipamento para alavancar a exploração do campo de Ahdab, a sudeste de Bagdá, perto da fronteira com o Irã. Chineses e iraquianos compartilharão o controle da segurança do campo.
A expectativa do governo iraquiano é aumentar aos poucos a produção de Ahdab, atualmente de 25 mil barris diários, para 125 mil, segundo fontes citadas pelo "Washington Post". O contrato deverá entrar em vigor nas próximas semanas, depois de avalizado pelo Executivo iraquiano.
O acordo ressuscita a parceria petrolífera firmada em 1997 por Pequim com Saddam Hussein (1979-2003), que colapsou com o regime. Mas ao contrário do acerto anterior, os chineses desta vez não terão participação nos lucros, sendo remunerados apenas pelos serviços prestados.
O acordo, obtido sem licitação e na contramão das regras que o governo iraquiano anunciara recentemente para o setor, evidencia o caráter nebuloso dos contratos petrolíferos de Bagdá. A produção do país já chegou a 2,5 milhões de barris diários e superou o nível pré-guerra, quando vigoravam sanções -a meta para 2013 são 4,5 milhões de barris diários.
Em junho, o Ministério do Petróleo iraquiano divulgou planos de abrir suas reservas a empresas estrangeiras. Contratos de até um ano seriam oferecidos sem licitação por meio de cartas-convite a cinco grandes petroleiras dos EUA e da Europa, sob o rótulo vago de "prestação de serviços técnicos".
O governo iraquiano também havia anunciado que 41 companhias foram pré-classificadas para a concorrência que será realizada em 2009 para a exploração de seis campos sob contratos de longo prazo.
Um porta-voz do governo iraquiano justificou o fato de o acordo com os chineses não se enquadrar em nenhum modelo anunciado sob o pretexto de que se trata de um "contrato de serviço", não técnico. "Além disso, os chineses já têm ampla experiência no campo de Ahdab", disse Assim Jihad.
O porta-voz afirmou ainda que continuam as negociações com outras petrolíferas para exploração dos demais campos iraquianos. "Espero que esse acordo com a China elimine de vez os rumores de que as companhias petroleiras dos EUA são as únicas a se beneficiarem da ocupação americana", disse.


Com "The New York Times"


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