São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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União Européia não votará punições contra Moscou

Bloco recuou das sanções por temer represálias no fornecimento de petróleo

UE terá reunião de cúpula na segunda-feira em Bruxelas e deverá condenar presença militar russa no território da Geórgia depois da guerra

DA REDAÇÃO

Os governantes dos 27 países da União Européia não adotarão sanções econômicas contra a Rússia durante a reunião extraordinária sobre a Geórgia que terão segunda-feira em Bruxelas, recuando do plano de confronto com seu grande fornecedor de gás e petróleo.
Anteontem, o chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, afirmara que sanções estavam em estudo. Mas ele ontem voltou atrás. A França exerce a Presidência rotativa do bloco europeu.
A Alemanha e a Itália desde o início se opunham a punir economicamente a Rússia pelo reconhecimento unilateral, terça-feira, da independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, territórios que pela lei internacional fazem parte da Geórgia.

Dependência energética
A Rússia exporta um terço do petróleo e 40% do gás consumido na UE. A Finlândia, a Eslováquia e a Bulgária dependem dos russos em mais de 90% do gás para as suas indústrias e para a calefação doméstica.
Segundo a Reuters, diplomatas europeus receberam do Kremlin o recado de que a Rússia revidaria caso fosse objeto de punições econômicas, mas Moscou negou informações do governo britânico de que cogitava diminuir o fluxo de matérias-primas energéticas.
Em entrevista ontem a uma TV alemã, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, disse que seu país não temia sanções e alertou a União Européia a não se alinhar aos interesses dos Estados Unidos -que reagiram de modo duro contra o Kremlin, embora anteontem a Casa Branca afirmasse não cogitar "ainda" adotar sanções.
Os países da UE que mais insistiam nelas -Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia- amenizaram suas retóricas. "Mais importante que punir a Rússia é mantermos na UE uma posição unitária", disse a chanceler lituana, Petras Vaitiekunas.
Baixando o tom, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse apenas que os europeus talvez devam pensar duas vezes antes de confirmar o convite ao presidente russo, Dmitri Medvedev, para participar da reunião de cúpula do bloco, em novembro, na cidade de Nice.
Diplomatas envolvidos na preparação da cúpula de depois de amanhã disseram ter sido descartadas restrições à emissão de vistos para cidadãos russos ou mesmo o congelamento dos depósitos de russos em bancos europeus.
Assessores de Sarkozy disseram que o encontro deverá condenar sem ambigüidades a presença militar russa na Geórgia e proporá o envio de um grupo civil de monitoramento.
O conflito eclodiu no último dia 7, quando a Geórgia invadiu a Ossétia do Sul, que desde 1992 estava por acordos internacionais sob a tutela russa. Em resposta, os russos retomaram aquele território e ocuparam outras regiões georgianas. O acordo de cessar-fogo, negociado seis dias depois pela UE, permite que tropas russas ocupem na Geórgia apenas uma zona-tampão junto às divisas da Ossétia do Sul e da Abkházia.

Ruptura de relações
O governo georgiano anunciou ontem a ruptura das relações diplomáticas com Moscou. Mas, segundo a agência Efe, aquele país manterá abertos os seus consulados em cidades russas.
O presidente do Parlamento da Ossétia do Sul, Znaur Gassiyev, afirmou que ao longo de "alguns anos" a Rússia incorporaria aquele território, e que o assunto foi tratado no início da semana entre Eduard Kokoiti, presidente sul-ossetiano, e o russo Medvedev. O Kremlin, no entanto, minimizou a existência desse plano e disse "não ter informação" a respeito.


Com agências internacionais


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