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Obama tenta capitalizar saída do Iraque
Nicholas Kamm-28.ago.2010/France Presse
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Depois de 12 meses no Iraque, soldados americanos desembarcam na base aérea de Andrews, no Estado de Maryland
Em baixa nas pesquisas, presidente terá dificuldade para tornar redução das tropas um tema de campanha
Para analistas, público americano tem "pressa" em esquecer da guerra; redução das tropas será oficializada amanhã
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Sete anos após a invasão,
os EUA estão prontos a esquecer a guerra do Iraque.
Amanhã, o presidente Barack Obama anunciará oficialmente, em discurso pela
TV, o fim das operações de
combate e a redução das tropas para 50 mil, dedicadas a
apoiar o Exército local.
É tradicional nos EUA que
a política externa importe
menos na votação para o
Congresso, como a de 2 de
novembro, quando os temas
centrais são domésticos e
econômicos.
Mesmo na eleição presidencial, em 2012, há pouca
chance de que a melhora da
situação do Iraque influencie
o eleitorado, apesar da expectativa democrata.
Primeiro, porque essa não
é a guerra do presidente Barack Obama, que tentará a
reeleição. O fardo da invasão
ficou associado aos republicanos e ao ex-presidente
George W. Bush (2001-2009).
Segundo, porque as atenções estarão voltadas para a
situação no Afeganistão -essa sim a "guerra de Obama"-, que ainda contará
com forte presença de tropas
americanas em 2012.
Nem a retirada simbólica
das tropas de combate do Iraque, que deixará a partir de
setembro 50 mil soldados
americanos para treinar e assistir os iraquianos, deverá
ser usada politicamente.
"Obama pode até tentar levar os louros da diminuição
das tropas", disse Andrew
Bacevich, militar reformado
do Exército e professor de relações internacionais da Universidade de Boston.
"Mas essa queda ocorreria
se seu antigo rival à Presidência, o republicano John
McCain, tivesse vencido."
Barry Posen, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), concorda. "Obama
não colherá muitos frutos.
Não é uma vitória sua; estamos ainda no prazo programado pelo outro governo."
Além disso, não foi completamente comprado nem
na imprensa nem entre a população o discurso de que a
era dos combates acabou. E
ninguém acha que deixar 50
mil soldados no Iraque configura uma "retirada".
PRESSA COLETIVA
Por outro lado, ainda que a
situação piore, será difícil para a oposição criticar o governo por uma guerra iniciada
sob gestão republicana.
Para Posen, o público está
tão cansado do Iraque que só
uma situação catastrófica
tornaria minimamente aceitável falar em interromper a
retirada ou de voltar ao país.
A pressa coletiva dos americanos em deixar para trás a
operação que tanto custou
em dinheiro -mais de US$
740 bilhões para os EUA- e
vidas -cerca de 4.400 americanos e ao menos 97 mil civis
iraquianos- dificulta até
mesmo a análise do legado
da invasão de 2003.
Não foi sempre assim. Inicialmente, a guerra foi boa
para Obama. Para Michael
O'Hanlon, analista de segurança do Instituto Brookings,
o Iraque ajudou inclusive a
elegê-lo. Na campanha, ele
pôde exercer toda sua oposição à guerra.
Para Bacevich, o impacto
dos sete anos de guerra está
nas Forças Armadas, que "se
reconfiguraram de uma força
especializada em batalhas
convencionais para uma focada em contrainsurgência e
contraterrorismo".
A principal lição da guerra, diz, é que "os EUA não
têm a sabedoria e nem o dinheiro necessários para
transformar outros países".
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