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"Ele queria melhorar de vida", diz prima de morto no México
Brasileiros vítimas de chacina eram de cidadezinhas em MG
FILIPE MOTTA
DE SÃO PAULO
Os dois brasileiros identificados entre os mortos da chacina em Tamaulipas, no México, moravam em cidades
vizinhas a Governador Valadares (MG), região no norte
do Estado conhecida por ser
uma das principais exportadoras de mão de obra brasileira para os Estados Unidos.
Juliard Aires Fernandes,
20, era de Santa Efigênia de
Minas - com cerca de 4.500
moradores- e Hermínio Cardoso dos Santos, 24, de Sardoá -cerca de 5.500. As duas
localidades ficam a 10 km de
distância.
Tanto Juliard quanto Hermínio são de pequenas propriedades rurais distantes do
centro dos municípios.
Amigos e parentes ouvidos pela Folha dizem que os
dois deixaram o Brasil há cerca de um mês e, desde então,
não haviam mais entrado em
contato avisando onde estavam. A intenção dos dois,
afirmam, era migrar para os
Estados Unidos.
Juliard juntou dinheiro para a viagem trabalhando como auxiliar de obras no Rio
de Janeiro, segundo a prima
dele, Rosângela Fernandes.
"Ele queria melhorar de vida", diz, sobre a viagem para
fora do país.
Hermínio, segundo o funcionário público Anóbio Batista, que é amigo da família
do jovem, era trabalhador rural e cuidava da propriedade
da família com os pais e duas
irmãs. Uma outra irmã dele
migrou para a Itália, onde vive há quatro anos.
Segundo Batista, Hermínio era pouco visto na cidade
porque permanecia mais
tempo no campo.
A professora Rita Santos,
35, amiga da família de Hermínio, diz que os dois mineiros se conheciam e foram viajar juntos para o México.
Segundo ela, o rapaz tinha
esse plano de viagem havia
muitos anos. Ela diz que as
mortes dos dois são o "único
assunto" na localidade no
momento.
Nenhum dos dois brasileiros mortos era casado nem tinha filhos. O Itamaraty avisou as famílias sobre o ocorrido na noite de sábado e está
em contato direto com elas.
IMIGRAÇÃO
As duas cidades são vizinhas também de Gonzaga,
terra do eletricista mineiro
Jean Charles de Menezes,
que acabou morto em 2005
no metrô de Londres pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista.
Os moradores de Sardoá e
Santa Efigênia de Minas contam que como não há muitas
alternativas de trabalho na
região, o plano de migrar para os Estados Unidos acaba
se tornando muito comum.
"As pessoas acabam seguindo o caminho dos parentes que já estão por lá", diz o
desempregado Moacir Costa,
33, de Sardoá.
No entanto, com a crise
econômica mundial de 2008,
a quantidade de pessoas que
tentam migrar diminuiu,
contam os moradores.
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