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Juiz enfrentou
pressões e
desconfiança
de Buenos Aires
"Era uma empreitada difícil, arriscada e incerta." Assim o presidente do tribunal que condenou
os comandantes militares em
1985, León Arslanián, 55, define o
julgamento.
"Havia uma desconfiança geral.
Lutamos contra a incredulidade
das pessoas e contra o poder que
as Forças Armadas ainda tinham",
lembra Arslanián.
Atual ministro da Justiça da Província de Buenos Aires, ele leu em
9 de dezembro a sentença de prisão perpétua para os nove militares que dirigiram o país.
"Foi uma satisfação terminar o
julgamento que parecia impossível. Foi o tribunal mais importante
do século na América Latina", diz.
"Quando vi o documentário,
recordei o momento e cheguei à
conclusão de que esse fato se torna
cada dia mais importante. O depoimento das vítimas é dramático", afirma Arslanián.
No julgamento, que começou
em abril, Videla, Massera e seus
colegas foram condenados por sequestros, homicídios, tortura e
outros crimes.
Em 1990, o presidente Carlos
Menem indultou a todos. Hoje, as
entidades de direitos humanos
tentam voltar a condenar os militares com processos pelo sequestro de bebês, filhos de desaparecidos nascidos na prisão.
"Há uma reação negativa das
pessoas, porque os culpados, no
final, não foram punidos", afirma
Arslanián.
"Acredito que foi isso que fez o
documentário ter tanta audiência.
As pessoas tiveram a satisfação de
ver os militares condenados, um
contraste com a sorte que eles tiveram depois."
Ele conta que, na época, a Corte
Suprema de Justiça impediu a
transmissão pela TV. "Havia uma
clara pressão dos militares."
Para Arslanián, o tema vai seguir
vivo na Argentina, enquanto não
se conhecer o destino final dos milhares de desaparecidos. "As pessoas têm o direito de saber a verdade."
(AG)
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