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TIMOR LESTE
País diz que conduzirá sua própria apuração sobre crimes contra os direitos humanos no território
Indonésia rejeita investigação da ONU
Reuters
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Soldado australiano da força da ONU filma restos de corpos queimados em Tasi Tolu, no Timor Leste |
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Darwin
A Indonésia rejeitou ontem a
criação de uma comissão da ONU
para investigar a onda de violência em Timor Leste. O governo indonésio afirma que conduzirá
suas próprias investigações.
"Rechaçamos a resolução, rechaçamos também a comissão",
disse o ministro indonésio da Justiça, Muladi, após reunião de gabinete com o presidente Habibie.
Em resposta, a ONU afirmou
que prosseguirá com as investigações, com ou sem a cooperação
indonésia. A comissão internacional de investigação, aprovada
na última segunda, é um possível
embrião de um tribunal para crimes de guerra.
O secretário da Defesa dos EUA,
William Cohen, passou ontem
por Darwin, a cidade australiana
de onde partiram as forças de paz
para Timor, e, além de prometer
mais auxílio para a missão, alertou para o risco de ataques de paramilitares pró-Indonésia a partir
do oeste da ilha.
Cohen partiu em seguida para
Jacarta para conversar com autoridades indonésias e deixar um
recado curto e grosso para os militares desse país não apoiarem os
paramilitares timorenses. Para
ele, os indonésios "não podem ser
cúmplices" dos paramilitares que
"devastaram Timor".
A onda de violência começou
com a divulgação do resultado do
plebiscito de 30 de agosto, em que
78,5% da população votou pela
independência em relação à Indonésia. A ex-colônia portuguesa foi
invadida pelos indonésios em 75 e
anexada em 76.
Os EUA também estão colocando ênfase em medidas econômicas para pressionar a Indonésia a
aceitar o resultado do referendo e
deixar de apoiar os paramilitares.
Após o desembarque da Interfet
(força multinacional para Timor
Leste) no território, composta em
sua maioria por australianos, ficou claro o conluio entre militares
indonésios e paramilitares de Timor. Documentos foram achados
provando a cumplicidade.
O auxílio prometido pelos EUA
não deve incluir tropas de terra,
porém. Cohen afirmou que o pessoal de apoio norte-americano
deverá receber mais 130 homens
além dos 260 já prometidos.
Um porta-helicóptero com helicópteros pesados também estará
disponível ao comando da força
multinacional, que hoje tem em
torno de 5.000 homens.
A decisão norte-americana de
limitar sua ação em terra deixou
frustrado o primeiro-ministro
australiano, John Howard, que
contava com essa participação
para aliviar o fardo do Exército de
seu país. A Austrália tem um
Exército de apenas 25 mil soldados, dos quais 4.500 deverão ir para Timor Leste como parte da força total de 8.000 a ser constituída.
Um pelotão brasileiro de 51 homens embarcará para a ex-colônia portuguesa neste final de semana. A Interfet também incluirá
tropas da Nova Zelândia, Reino
Unido, França, Itália, Tailândia,
Filipinas e Malásia.
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