FÁBIO ZANINI
de Londres

A briga do premiê britânico, Tony Blair, com a ala esquerda do Partido Trabalhista chegou a sua família. O sogro de Blair, Tony Booth, que se define como "trabalhista socialista", fez um ácido ataque ao discurso do genro na convenção anual do partido.
"Estamos sendo comandados por andróides", disse Booth, ex-ator, em um encontro paralelo da esquerda do partido. Sem citar o marido de sua filha Cherie, ele continuou: "O plano dos andróides é cooptar todos nós com essa história de novo trabalhismo".
A crítica do sogro foi uma resposta ao tom liberal do discurso de Blair, que chegou a declarar que "a luta de classes acabou". O premiê prometeu unir trabalhadores e empresários em seu projeto de "um novo Reino Unido".
Booth rechaçou a proposta. "Alguém seriamente pode acreditar que sindicatos podem conseguir benefícios estando mais próximos dos patrões? Ou é uma idéia ingênua ou muito cínica."
Ele disse que a luta de classes vai "a todo vapor". O premiê não comentou as declarações do sogro.
"Tenho de admitir que Blair é hábil ao cortejar o empresariado, mas diz pouco sobre a dívida social", disse à Folha Barney Holbeche, diretor da central sindical que representa produtores rurais.
John Barnes, professor da London School of Economics, afirma que Blair paga o preço por buscar uma política de centro, em um país que sempre esteve polarizado entre esquerda e direita. "É impossível Blair levar todo o partido consigo. O azar é ter alguém tão próximo a ele, como o sogro, entre os críticos."


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